“Nesta ordem de fenômenos, Freud observara, como lembramos, o jogo do seu neto Ernest, o filho mais velho de Sophie, dedicava-se quando sua mãe se ausentava. Ele amarrara um cordão a um carretel que ele atirava para longe, emitindo um fonema, fort, que significava embora, depois o fazia voltar com um feliz da que queria dizer voltar. Ernest controlava dessa forma o perigo que representava para ele a partida ou o desaparecimento da mãe, Ernest também expressava sentimentos hostis ou vingativos, atirando – o para longe de maneira repetitiva.
De maneira análoga, observara-se nas neuroses de guerra e nas neuroses traumáticas que a cena traumatizante tinha tendência a reproduzir-se nos sonhos e nos pesadelos. Esses sonhos escapam, mesmo em formas disfarçadas, à lei da realização de desejos reprimidos. Eles ultrapassam o princípio do prazer.”(p.188) Freud René Major e Chantal Talagrand biografia

” Nesse sentido, a pulsão de morte coloca-se paradoxalmente a serviço da vida. As pulsões de vida não cessam, por sua vez, de dedicar-se a recriar novas unidades, já que buscam sem cessar, segundo o modelo do mito de Aristófanes no Banquete de Platão, restabelecer a unidade perdida de um ser originalmente andrógeno, anterior à separação dos sexos. ” (p.189)
Galhos com espinhos, exuberância das folhas e o colorido devolvem energia. Há qualquer coisa a deteriorar-se, memórias / lembranças / sentimentos agigantados e fortes: também nós jogamos o carretel para que alcance o tempo, e seguramos o fio da vida e o fazemos voltar, reconciliador…, depois, mais forte, devolvemos raiva no lance / jogar, usamos os dois movimentos: e o fazemos retornar mansamente, na esperança de que o perdido se reestruture e conforte… Nos sonhos escondemos a vontade e o medo, respeitamos o susto. Colamos as fotos, recortamos as revistas, vestimos alternadamente amarelo, preto, castanhos, vermelhos e muito branco. Estranho, muito se dilui. Igual acredito que aquela vigor vai agarrar minhas mãos e me devolver ao centro, e ainda, uma última vez, vou te amor que deve ser o amor. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2021 – Torres