Duas narrativas semelhantes, e distintas, confidenciais, ingênuas. O heroísmo paterno. A maternidade está presa em obviedades: sacrifício natural. A paternidade precisa ser evidenciada pelo poder do pai, ou liberdade. O poder diretamente preso no material, mas também no emocional.
E a mulher astuta e servil, com desejo de rainha se acomoda no bolso do homem e se conduz/conduzindo aliviada, sem esforço pode trazer a ninhada, distribuir comida e sorriso. O chefe maior não se importa com descendência, acolhe e chama tudo e todos de dependência: trabalha.
“Sua missão não é a do profeta, do inovador, do sonhador preocupado com o que ainda não é.Ele é realista em todas as coisas, e é por isso que só aceita em pagamento os frutos da terra (isto é, o resultado de experiências práticas, imediatamente aplicáveis). Contudo ele não tem o direito de tocar estes frutos antes de passadas nove horas. […] A que gestação refere – se este 9? Quer dizer que um ensinamento ou uma regra não devem ser deduzidos dos fatos ou dos resultados obtidos, senão depois de um certo tempo e depois de uma certa abstração do que constitui o contingente? Por que os três legumes exigidos são três couves, três alcachofras e três cebolas? Estes legumes foram escolhidos em razão das múltiplas camadas que os constituem? Seria temerário querer precisar um simbolismo sobre este ponto, que permanece enigmático.” (67-68) Goethe O Conto da Serpente e da Linda Lilie
Namorado de tempo grande, um ano, ou dois, muito tempo se conto as memórias costuradas. Remenda – se aqui e ali e o caminho se estica florido: especial. Coisa da menina, coisa de tempo esquecido, depois lembrando ali. Esfiapa memória vestida. Começo de envelhecer, e sem consciência ou, talvez, a lucidez do razoável: o direito de sonhar romance, reencontro.
Está tudo certo porque nunca seria o certo (vivível / possível) – tínhamos o abismo; e pensando bem, não tínhamos nada. Nunca tivemos e foi tão forte dentro de mim, tão intenso! Palavras e sensações e vontade. Tudo todo o dia. Ah! Que saudade sinto de ti, do teu invisível desejo! Sim, sou forte, eu aguento. Sempre aguento. Desnorteada…, verdade. Nem um pouco rocha, sou areia de mar… Vou desaparecer e mergulhar, pode ser bom, ainda não sei. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2021 – Torres