coisas vivas

A essência da tragédia é ser irreparável. Costurei os rasgos. Paciente, dobrei os desesperos. Renovei pequenos sacos, alguma coisa me desfiz, inventariei… Se eu sair amanhã? Ah! Posso levar a saudade inteira e aquela estante de livros, a cadeira da rua Vitor Hugo, as outras duas não são minhas, duas mesas, ou três, as camas. Tenho que me decidir. Amanhã vou comprar um colchão e novos travesseiros, duas camisolas. Acocorado lá entre salgueiros e vegetação rasteira, não compreendo! Como foste gostar tanto de chimarrão?! Esta foto que me mandaste! Não és tu. Sabes, meu querido, não adianta repassar o erro, está enfiado no lugar certo. O que passou foi o tempo de amar. De acordar no meio da noite para jogar cartas e comer sanduiche. O tempo de escutar piano e violino. Escancarar as janelas! Deixar os cães se aproximarem… Ainda tomo quatro banhos por dia! E não tenho medo de empobrecer. Nem de voltar para as bacias e os baldes! Ah! Que saudade das nossas frutas repartidas! Elizabeth M.B. Mattos – fevereiro de 2022 – Torres

Um comentário sobre “coisas vivas

Deixar mensagem para Pedro Cancelar resposta