Resolvo (ou me proponho a resolver): preciso voltar a trabalhar (ócio perturbado de informações incertas / vácuo). É preciso entender o dia e também a noite, aproveitar o silêncio. Largar o pânico, a queixa. Escolher o caminho. Ajustar vontade. (Ah! como a chuva consegue liquidificar e limpar! Ação invisível, ou apenas real / fato! abençoada água!). Perguntas incertas se apresentam… O que é a vontade? O que é o desejo, o que é impulso motor? Como vou reconhecer? Como transformar em real em fato em narrativa uma intuição, uma percepção, uma lembrança… Como posso me movimentar? Vontade ou necessidade? Ah! Sinto mesmo saudades tuas! As ponderações e as tuas certezas. Não escrevi a carta. Esta maldita guerra mastiga a vontade. Não te escrevo porque seria também invasão. O teu território não me pertence, e nem sei bem os meus próprios limites. Não quero usar da tirania. Chorar contigo! Teu abraço, teu amor recuperado no feitiço. Então, eu aplaco a vontade e conto histórias de fadas para o desejo. Ele adormece sorrindo, e, te digo que gosta dos lençóis perfumados, dos travesseiros afofados e do cheiro de lavanda das cortinas. Sim, escureceu. Estou no sonho de te pensar. Elizabeth M.B. Mattos – março de 2022 – Torres
