“Ser digno significa não pedir o que se merece, nem aceitar o imerecido. O pão ensopado na adulação, que engorda o servil, envenena o digno. Este prefere perder um direito a obter um favor.”
” O homem é. A sombra parece. O orgulho é uma arrogância originada por nobres motivos, e quer aquilatar o mérito; a soberba é uma desmedida presunção e procura ampliar a sombra.”(p.112-113)
“Os caracteres dignos permanecem solitários, sem trazer na anca nenhuma marca de ferro. […]”
” […] o digno se refugia em si mesmo, se entrincheira em seus ideais, e cala, temendo perturbar, com as suas palavras, as sombras que escutam. E até que mude o clima, como é fatal na alternativa das estações, espera, ancorado no seu orgulho, como se este fosse o porto natural e mais seguro para a sua dignidade.”
“Vive com a obsessão de não depender de pessoa alguma; sabe que, sem independência material, a honra está exposta a mil ciladas, e, para adquirire-las, suporta os mais rudes trabalhos, cujo fruto será a sua liberdade no porvir.
Todo parasita é um lacaio, todo o mendigo é um domesticado. O faminto pode ser um rebelde, não é nunca um homem livre. A miséria é a inimiga poderosa da dignidade: ela esmigalha os caracteres vacilante e incuba os piores servilismos […]”
“Os estoicos ensinam os segredos da dignidade: CONTENTAM-SE COM O QUE TEM , RESTRINGINDO AS PRÓPRIAS NECESSIDADES. Um homem livre não espera nada de outro, nem precisa pedir. A felicidade que o dinheiro dá está em não ser obrigado a pensar nele; por pensar nele o avaro não é livre, nem feliz. […] Os únicos bens intangíveis são aqueles que se acumulam no cérebro e no coração, quando estes faltam. nenhum tesouro os substitui. (p.116 – p.117) José Ingenieros O Homem Medíocre

