Acordar antes de clarear, coisas de quem dorme cedo demais. Deveria ser quatro horas, eu acho: escuro. Desci com a Ônix, deu umas voltinhas no gramado, e pensei, com frio: vamos dormir mais um pouco, voltar para o quentinho. Gelada manhã. Percebo, mais longe, na beira da lagoa, uma caminhoneta branca estacionada, esquisito! Voltamos rápido. É a hora que pescam ilegal, tanta coisa fora do permitido, gente da madrugada do sábado…Sou curiosa. Apaguei as luzes. E, surpresa, a caminhoneta estacionou bem na frente do prédio. Faz já um mês, não vi como, nem quem foi, mas os dois bancos de cimento foram parar dentro da lagoa: pernas para cima, entre mergulhados, ou esculturas, os dois… Não fotografei o vandalismo. O socorro não veio… lá ficaram, um mês, ou dois, o inverno. Surpresa! Da tal caminhoneta um homem grande, forte, enorme, começou o resgate. Lutou bravamente, Aguentou o peso. Foi incrível! Conseguiu colocar na caminhoneta, empurrou, pro fundo, e nem conto às vezes que quase não suportou, o esforço, a exaustão, eu podia ver… Arrumou o outro banco em baixo da árvore! Já começava a clarear. Voltei pra cama! Bem! Levou um, mas colocou o outro no lugar, perdemos um, mas, lá está o outro. Quando levanto, escancaro as venezianas pro dia entrar! Olhei! Nada de banco, deve ter voltado, com alguém para ajudar, e, levou o outro…Não temos mais bancos! Olha! Pesados! Aqueles de cimento! E se fossem bancos de jardim…, não, não merecemos bancos nem brinquedos nas praças! Como é triste! As pessoas arrancam as flores, as árvores, o que puderem carregar. E jogam o lixo no quintal do vizinho! Como é difícil compartilhar! Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2022 – Torres
