“Quando eu estava pintando um quadro – ele explicou – achava que deveria estar cuidando da minha conta bancária. Quando estava cuidando da minha conta bancária, pensava que deveria sair para uma caminhada. E quando, no meio de uma longa caminhada, chegara a três quilômetros de casa, concluía que deveria estar, naquele momento, diante de meu cavalete. Estava constantemente em fuga, um exilado em todos os lugares.” (p.26) Isak Dinesen (Karen Blixen) SOMBRAS NA RELVA
o curioso de pensar o tempo todo, de fazer tanto isso ou aquilo pra segurar a inquietude se transforma numa mesma coisa do nada
quanto a escrever? o que pode ser? já foi dito tanto de nós mesmos que duvido, agora, de tudo
teremos chance de aplaudir o novo, ou voltaremos, em outubro, para o mesmo do mesmo que nos trouxe desconcerto
não consigo pintar uma tela num único dia, nem terminá-la em quatro anos, já tentei doze anos, passei tinta óleo, raspei, recomecei, e não consegui / voltar aos mesmos pincéis, gastos, endurecidos, parece incoerência…
um novo desenho, por favor! tenho pena de mim!
o texto de Karen Blixen volta / gira /refaz a vontade: errar e desconcertar querendo…, o novo: não sei o quê nem como.
preciso parar para me concentrar / um projeto, preciso de um projeto. Elizabeth M.B. Mattos – agosto de 2022 – Torres – fora do exílio, em casa outra vez

É isso…sempre buscamos alguma coisa que não sabemos bem o que é…
uma caminhada exaustiva, não saber se assemelha ao não chegar, um começo permanente, esquisito