Não consumo tempo algum (zero tempo) para me mover de um ponto ao outro. Mas três vezes zero é igual a zero, e zero multiplicado por quantos quisermos, há de dar sempre zero. Portanto há de consumir zero tempo para percorrer todos os pontos que separam de B, ou seja, a linha toda. O que me resta dizer? Se não gastar tempo nenhum para passar de A a B, quando estiver em A, já está em B. Céus! É a madrugada no meio de um macarrão com carne moída (delícia) – ar de tempo entrando pela janela, o mesmo das notícias e do zero decisão, nesta eleição zero. Esquisita, mesquinha ou impotente. Não sei. Vamos nos mobilizar! Para zero situação! Passados quatro anos não seremos nada que outro zero. Assim como a lógica e a verdade não dependem de uma inteligência criada, assim também existe uma moralidade absoluta que não pode ser a função da criatura. Apenas nos deslocamos de lá para cá, meio desorientados, tristes, outras vezes excessivamente alegres, sem rumo.
Então faço um macarrão no meio da madrugada, bebo um copo de vinho e fico deliciada com o gosto da manteiga, do queijo fresco e do guisado no alho! Afinal eu faço o sabor do que como. Eu ainda cozinho, e me atrapalho e sigo.
Esta inquietude que votar exige. Este silêncio que nos impomos, pressão. E consumo de temo ao me mover, imóvel. Escrever tem esta loucura de pensar e pensar, equilibrar, e noutro mundo, na fantasia lógica do tempo., afinal cair como Alice do País das Maravilhas de Lewis Carrol:
” Muito bem – pensou Alice. – Depois de uma queda dessas não vou achar nada demais cair da escada! Lá em casa vão achar que fiquei muito corajosa! Ora, não vou contar nada, mesmo se cair de cima do telhado” ( O que era bem provável de acontecer).
Caindo, caindo, caindo. essa queda nunca teria fim?” (p.42) Lewis Carrol – Aventuras de Alice no País das maravilhas
Claro, que eu, vou chegar ao fundo nesta queda vertiginosa, seja resolvendo isso ou aquilo, trocando os móveis do lugar, tirando a poeira …Ou adubando ‘meu jardim’, sentindo o cheiro! Querendo o ruido da rua, e o silêncio da casa. Vida necessidade, penso mar, não o vejo. Moro no Paraiso, e não sei. Como a minha comida. Sucesso! Caminho duas quadras penso num longo passeio. Troco os lençóis logo que as fronhas deixam de ser frescas e perfumadas… E tomo diversas/muitas chuveiradas, posto que retirei a banheira, deixo a água me acalmar: a água escorre como solução: aquece, refresca, renova meu corpo. A tristeza dos lapsos, das pequenas lacunas, dos esquecimentos curiosos: eu ia buscar um copo com água, uma bergamota, ou apagar a luz? Vou e volto e refaço o trajeto. Il faut cuidado. Sou mesmo eu a me movimentar, a procurar, e acertar? Acerto o capítulo e a leitura inteira me consome. Apaixonada por cada virada de folha! Traição! Outros livros pela metade, outro sonho partido, outras vozes no trapézio. Uaiii!?!, preciso segurar o canto dos pássaros, deve ser o amanhecer. Ainda muito escuro. Vou me enrolar nas cobertas. Vou tentar. Droga! Estamos sempre tentando! Volto as fotos que fiz da Ônix – ilusório jardim nós temos, ilusória música, ilusória alegria. Elizabeth M.B. Mattos – setembro de 2022 – Torres



