sol / fronhas: vida a revirar

Colorido no branco descansado, ventoso outono! Descanso descansado na pausa: expectativa. Neste momento ensolarado, as chuvas estão quietas. Ah! Necessárias como o sol! Dia enfarruscado na tosse, garganta complicada, humor espicaçado: coisas da idade ventosa: de eu com eu! Travesseiros na janela, respiram… Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2022 – Torres

Eu me apresso para escrever, não esquecer, não largar, segurar a certeza de que venceremos! Beth Mattos

explode a beleza

sinalizo devagar porque, porque, porque sendo filha, e caçula…bem, o dizer desmerece, eu me encolho…ela reina: eu me enterneço. Beleza faz chorar -, vou dizer que pode ser saudade, quem sabe? EMB Mattos

Luiza M. Domingues – Recife – 2022

bobagens presentes

Pedi a uma jovem senhora que me enviasse um livro, acabava de lançar. Ingenuidade minha, nada profissional, o que fiz, uma talvez, provável, não, improvável amiga. Respondeu onde eu poderia encontrar o volume! Na Panvel e nas livrarias (claro!)! Já com um laço de fita natalino! Claro! Nunca li nem vi o livro, nem sei como de fato ela escreveu/ ou escreve. Passou. Deve ser poderosa, já três volumes.

    Marco fez toda a diferença na minha vida. Do desastre, das dores que eram imaturas e jovens! Ele me salvou do espicaçado daquele casamento: desastroso, mas a vida é mesmo cheia de sopresa, erro e acerto. O futuro, os filhos! Elas, as crianças, me ajudaram a sobreviver. Eu escolhi os filhos! E foi isto. Nunca consegui deixou de ser eles, do meu jeito. Sem pieguice. Agarrei a vida, e foi tão bom viver! Então, eu entendo o começo. Claro que G foi o mais importante, tivemos os meninos. Depois seguimos, cada um na sua calçada. E não conheci Roma, nem Veneza, nem Modena: não aprendi a falar italiano, nem espanhol. Cismada com o francês, e sem inglês. Teimosa em todas as escolhas. Nada com Porto Alegre, necessariamente carioca porque vivi ali o mais importa: meus filhos nasceram lá e estudei e trabalhei. A primeira etapa. Depois veio o Sul, o segundo casamento, consciente e a minha filhota gaúcha que virou pernambucana. Uma roda girando. E querendo ser eu, eu, eu como tinha sonhado ser, a escrever.

    A superfície permanece. Palavra incrível! A mania de profundidade: voltar para a superfície é objetivo. A casca conta a história da fruta, toda a maturação, e precisamos contar? Pois é. Fica-se a medir isso e aquilo, o trajeto, o feito é o agora. O espelho da casca, a ciência do antes, da preparação. É agora Ficamos com o invólucro. Certo quem se deu conta rápido: vestiu comeu amor e se fez depressa para estar no palco, agarrou as possibilidades todas e não fez mimi… Agarrou, agarrou. Não dá pra choramingar muito, do definitivo, o agora importa. Contar ou descrever os parceiros significa muito, as tais escolhas necessárias. Os filhos necessários. Os netos necessários, os preferidos escolhidos. Gosto de jasmim, gosto de margaridas, das hortênsias, e dos cravos e das frutas, dos morangos que a Joana comprou, das risadas da Valentina. Do tempo. Desenho as ausências do Pedro. E sobre esta pedra está o segredo fechado. Quero me curar logo e fazer mil coisas. Vontade de me mudar pro apartamento de Porto Alegre e começar a ser gaúcha. Que a filha pernambucana aprove. Minha mãe tinha uma história de pernambuco naquela pele transparente de tão branca e na bravura. Sem medo a minha mãe, corajosa até o final, foi um acidente, não foi morte. Ela conversa e explica…

    4. Horrível dor! Vontade de arrancar a garganta! Teimosa, escrevo. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2022 – Torres

    obra

    conserta aqui, refaz, recomeça, ajeita!

    desfaz.

    poeira, barulho, estrago por todo o lado.

    poeira

    deve ser conserto, hoje,

    com silêncio, os acordes!

    cansei de limpar: importa?

    Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2022 – Torres

    espalhafatosas. generosas, as margaridas! é o rastro, o teu.

    não passa

    dore do corpo altera sentimento / esvazia cabeça, flutua a vida

    sos

    alhuém precisa gritar!

    sei bem o que dizes, apenas uma ventania resfriada, uma garganta travada.

    vai passar! Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2022 – Torres

    droga! não passa…

    coisas estranhas me perseguem…

    estranezas

    não ver a Ônix na sombra / perder a caixa de óculos / depois perder os óculos,

    ver sobras caminharem, anotar pensamentos , mas esquecer as palavras…

    deito às 19 horas, acordo às 24 horas

    abro três livros, não termino ORLANDO, nem Grande Sertão :Veredas.

    penso no professor Roberto, penso no Rio de Janeiro.

    tropeço nas eleições.

    tardes cinzentas com chuviscos quentes, mas eu congelo.

    não gosto de poemas, mas neles eu me demoro.

    quero falar contigo,

    desligo o celular. Elizabeth M.B. Mattos outubro de 2022 – Torres, amanhã Porto Alegre e logo estarei em São Paulo, para me demorar em Recife

    sinais do amor=enamoramento

    Pois assim é que um novo amor enterra um velho amor. O enamoramento, um estado perfeito, completo, intenso da tal felicidade… A experiência, claro, deve ser simultânea, caso contrário ficamos a fantasiar o que não foi, lamentar o que poderia ter sido, e querer, até o fim, até o último momento, aquele enamoramento, aquele amor incompleto… Claro, sobrevivemos, claro, colocamos uma cor em cima de outra, tantas cores que voltamos ao nenhuma, ao preto, ao tudo junto…, o que faz / faria a tal diferença? A certeza destes sentimentos misturados numa sonata, numa melodia, no belo / no perfeito é / pode ser / este conhecimento brejeiro de conhecer as pedras sobrepostas para chegar na tal catedral. Tantas e tantas leituras / tantos e tantos entendimentos resultam neste movimento apaixonado. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2022 – Torres que venha o novo, não pode ser o velho, mas apenas o novo

    deixar /largar/arrastar/e olhar

    Não fiz, deixei, negligente, deixei a vontade se perder. Deixei negligente a outra dizer / fazer /escrever e pavonear – se. Sempre saio do caminho. Abro a porta para que passe, deixo levar o pedaço, a imagem, assim, na facilidade de doar /deixar ir…

    A religião amolece a alma, faz do corpo um estrupício. E, a alma deixa escorregar, uma entre outras, piedosas tolerâncias. Transparente subserviência. Esta educação religiosa tira a luta: não pecar / não fazer tão fácil! O perdão, a solução. Estagnar, deixar de ler, deixar de correr, deixar de fugir, deixar de desejar e comungar. É matar. Desfiar o rosário como compromisso. Estender o olhar. Deixar a dor ficar a cicatriz o pecado, o desejo.

    Esquisito pecado maior, a religião! Doçura, mansidão!

    Então, o que deverias fazer? Doar… Claro! Claro, Elizabeth, existem outras formas mais ativas, mais fortes, mais inteligentes que desabrocharão coradas, sentarão no trono, e outra vez. Outra vez, amanhã. E se desprenderão do teu projeto, não te pertencerá mais apenas o texto. Será gosto, o amigo também… reconsiderar. Elizabeth M.B. Mattos / outubro de 2022 – Torres- mas poderia ser prai da Cal, Furnas, Canto da Lagoa / lugar nenhum da Vitor Hugo 229 em Petrópoles, ou Montevidéo, por que não Fazenda Santa Branca onde eu não existia, mas era?

    Vilmar Severo

    em, com, por, sempre o nome amizade, a nossa, a explicação: redundante (eu sou). Repito / explico / espero, e te vejo

    ele nunca ficou / esteve sempre indo / voltando / esquecendo / viajando…

    retalhados sentimentos,

    eu a costurar, remendar, dos retalhos coloridos : vestido de baile, camisola de dormir, camisa de verão a esperar… Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2022 – Torres – cinzento, cinzento, cinzento