pois assim é que um novo amor, enterra um velho amor, e o enamoramento se torna um estado perfeito, completo, intenso da tal felicidade… A experiência, claro, deve ser simultânea, caso contrario ficamos a fantasiar o que não foi, lamentar o que poderia ter sido, e querer, até o fim, até o último momento, aquele enamoramento, aquele amor incompleto… claro, sobevivemos, claro, colocamos uma cor em cima de outra, tantas cores que voltamos ao nenhuma, ao preto, ao tudo junto…, o que faz / faria a diferença? a certeza destes sentimentos misturados numa sonata, numa melodia, no belo / no perfeito é pode ser este conhecimento brejeiro de conhecer as pedras sobrepostas para chegar na tal catedral. tantas e tantas leituras / tantos e tantos entendimentos, resultam neste movimento apaixonado. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2022 – Torres que venha o novo, não pode ser o velho, mas apenas o novo

“O amor produz uma geografia sacra do mundo. Esse lugar, essa casa, aquela vita do mar ou sobre as montanhas, aquela árvore convertem-se em símbolos sagrados da pessoa amada ou do amor. Tornam-se zonas sagradas, templos, pois abrigaram um momento um momento eterno de amor ou um presságio. E ao mesmo tempo em que se sacraliza o espaço, sacraliza-se também o tempo. Se o tempo da felicidade no estado nescemte é o presente eterno, a soma desses momentos de eternidade constitui um ano liturgico com seus mistérios sagrados. São laços de significação e de valor, momentos de exemplaridade de dor, de felicidade, ou tão somente momentos marcantes para o outro e que se toenam sagrados para nós. Ao se desenvolver, portanto, o enamoramento realiza a sua sacralidade objetiva. Espaço feito de pontos fortes, tempo fragmentado feito de dias significativos, tempo sagrado e espaço sagrado como nas religiões. O enamoramento reconstitui a divisão entre sagrado e profano, e tem um fortíssimo sentido do sarilégio. Mesmo à distância de anos ou décadas, os enamorados, agora separados, não poderão passar certas datas do ano sem ficar emocionados, não poderão voltar a certos lugares sem sentir uma saudade profunda. Esse espaço e esse tempo sagrado, por serem o lugar da concretização do presente eterno e da parada do tempo tornam-se imortais. Esquecidos, sobrevivem no inconsciente. Apenas um novo estado nascente pode apagá-lo e criar um outro espaço e um outro tempo.” (p.38-39) Francesco Alberoni Enamoramento e o Amor