“Amanhã é sempre melhor“me diz ao telefone Oracildo (quer a escritura do apartamento de Torres que está travada com o meu processo de divórcio com J.O.D.), e, acabamos comentano o ano difícil: da política, da sobrevivência mesmo, do Não francês e do nosso possível Não ao Lula.
Conseguiremos?
E eu extrapolo o sentido comum de estar viva: quero respirar /sentir o odor das rosas e ver os sabías, os beija-flores e ter luz, mais luz entrando pelas janelas. Ainda estamos com sol e calor. Coisa mais estranha esta nossa temperatura mista, embro do FHT comentando/dizendo e brigando com o descuido do mundo, descaso das pessoas. Logo estaremos sem água. O esmo serão sempre os mais necessitados, não os que gastam água deste jeito impróprio.

Coisa espremida é viver! Vamos caminhar, de mãos dadas, tomar/ocupar as calçadas para dar/fazer coragem àqueles que se escondem em casas fechadas, fecham-se no medo. Não ao medo.
Se não temos mar, temos o lago Guaiba, e, um pôr de sol, único, dizem especialistas. Árvores e calçadas limpas. Verdes sombreados de jacarandás floridos. É verão.Temos possibilidades, amor. E alegria lacrada na música, na dança, nas letras (a,b,cd, ou dó, ré, mi, fá, sol). Temos casa (lugar privado para nos encolhermos, e ou recriarmos cada dia, o dia de amanhã) e o nosso cheiro dentro delas. Temos as pequenas ou grandes alegrias misturadas, num chinelo velho, num pedaço esquecido de alma que corre atrasada…
Nada de choramingar. Alguém cita Maria Alcoforada, Cartas de Amor, menciona a controvérsia do livro, Ponho-me a rir! Sim, os assuntos precisam brotar de algum lugar. Deste livrinho que eu gosto tanto, brota porque se encaixa nos pedaços, os mais completos, pedaços de Beth, a tal moça retira pra sua coluna os Hélas! Proliferam para dar sentido/recado às reclamações e gemidos femininos. Estes precisam diminuir. Estou incluida? Estou. Chega de chorar. Mas o meu caso não é hélas?!
Soluções. Acordei querendo soluções. Terrível!? Não sei. Bem que tu poderias estar aqui comigo para me ajudar: de onde vem este apelo? Imobilidade emocional, preguiça? Medo? Onde /aonde estarei encaixada? Aliás, as caixas necessárias. O psiquiatra Lang nos explica da impossiblidade de nos livrarmos delas. Uma vez criandas somos condicionados as famosas caixas, caixas dogmas, numa mais saímos delas; pulamos de uma para outa. Ou somos como as bonecas russas, exatamente iguais, tamanhos diferentes, uma dentro da outra, e morreremos iguais ao primeiro olhar-espelho. Uauuu! Eu preciso crescer antes dos sessenta anos, antes da aposentadoria. Antes. E preciso resolver tudo:: o jardim de margaridas tem que existir. Elizabeth M.B. Mattos – janeiro de 2023 -fragmento de uma velha carta para PHF, /quase atual, como todas as cartas: espelhos.
