Dois dias, um dia, uma manhã, toda uma tarde / um qualquer devagar / vagar ou lento espreguiçar. Por quê? Porque, porque ser completa pode importar. Ou sentir inteiro (tão difícil). Olhar sem desviar o olhar: nada fácil. Há qualquer vontade a nos testar. Um vaso de ensaio. Experiências que deram errado… Sem o filtro do apaixonar fica esvaziado / vazio o experimento… Sem bolhas, nem cheiro, sem explosão… Um arremedo, uma farsa de ser… Um prêmio de consolação. Ora, hora! Ora, ora veja! A hora de recomeçar foi ontem, ou antes de ontem. Não posso desistir das gotas de todos os dias, nem da chuva nem dos trovões, nem da vontade nem daquela felicidade preguiçosa que assopra: “tô” cansada, já chega! Vamos dormir e nos esconder. Um pouco, só um pouco, apenas um pouco. Chorar, deixar escorrer a lágrima e toda aflição. (Uma das esquisitices de envelhecer é não ter lágrimas). Sentar, olhar fixo para um ponto, descolar o tempo, uma mágica. Exercícios. Não são minhas estas palavras, nem é a voz que eu espero, não tem gentileza nenhum, uma fatia de bolo. Amanhã de manhã vou comprar muitas fatias e bolo: de chocolate, de frutas, de merengue, de surpresa. Depois pastel, empanados, ou salada de frutas, sanduiches prontos (variados). Vou trazer a festa para casa. Encher os balões. Refrigerantes, sucos e sorvete. Vai ser bom festejar: estou livre. Elizabeth M. B. Mattos – fevereiro de 2023 – Torres


