Conversa com Arthur

Com Arthur o tempo e o espaço. E um gramado…

Beth:

Estou no meio da chuva, do vento, do cinza. Descobri que este é o lugar mais visível da ilha. Tranqüilidade interna, difícil conquista.Pouco a pouco retorno aos velhos hábitos de sono, enfrento as noites com menos angústia. Chove tanto! Tanta coisa a ser feita! Por que me arrasto assim no tempo de pensar? Os projetos começam na madrugada, e se esfumam ao amanhecer…

Arthur:

Estás propondo fazer exercício para  acolher com doçura às pessoas? Alienação necessária para interagir com os outros por alguns momentos… Depois, o suspiro de alívio, e retoma-se as esquisitices… Por que não uma grande paixão, Beth? Teus projetos já não se esfumaçariam pelo amanhecer…

Beth:

A temperatura nos engana nesta Primavera chuvosa. Os polens se misturam no ar… Incita, transborda sensualidade. Compreendo bem o que propões. O exercício de acolher importa. Pessoa, de um modo geral, não tem disposição interna para o outro… Nos confundimos com prazeres pessoais porque transitam na periferia da cordialidade, da gentileza amável. Há que rir! Mas jamais desistir. Ser social, tarefa de vontade. Outro fato efetivo: sem a propositada solidão, sem recolhimento voluntário acabamos passando na vida como estranhos a nós mesmos. Parece inusitado, mas não é… Para encontrarmos o eixo, entrar no âmago há que ser solitário.

Arthur:

Não é exatamente alienação. Ato social: esforço para pertencer ao grupo.

Beth:

Como aplacar as incongruências, o sentido emergencial?  Com energia vital limpar, ordenar, empilhar, perfumar. O trabalho físico  alivia o corpo. Como declarou o nosso atleta, ‘não penso quando estou nadando, apenas nado’, e ele vence seus próprios recordes… Assoberbada por sensações físicas eu me sinto bem.  O outro, claro, também  alimenta. Para o artista, este vazio é necessário. Bom dividir a cama,  mas neste momento, melhor dividir o texto. Se Vênus voltar ao quadrante eu me atiro… Paixão! Outro abraço colorido e quente como deve ser. Vou beber um copo de vinho, e deitar na grama. Reafirmo: o social, uma tarefa de vontade. Elizabeth M.B. Mattos

2 comentários sobre “Conversa com Arthur

  1. …olha o que é…já havia reconhecido este texto…já lido…só não comentado…nem sei porque. Assim como acordastes hoje pensando eu fui lendo esta tua escrita e lembrando exatamento do que falamos à época…e pasme…tenho copiado comigo este email .
    Nossos lugares secretos dentro de nossas mentes são os melhores..não tenho dúvidas. Ali somos inteiros!!!
    Legal Beth…muito legal.

  2. Que conversa legal tivemos à época…sinto ate um certo lisonjeio…poderia falar assim?!?
    Colocas de forma tão detalhada os entremeios dos sentimentos. Tarefa para poucos…como tu faz isso tao bem? Beth!
    Bj

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