Outra vez

Chove, faz sol, chove, faz calor. Já deves ter chegado ao Rio de Janeiro. Embora se tenha passado um par de dias juntos, pouco foi dito.Como dois apaixonados, as raivas de ontem se desmancham nos beijos recheados de olhares mansos. A saudade plantada na presença fugidia. Momento de alívio quando adormeces vestida; posso afrouxar tua roupa, fechar as cortinas, colocar outro travesseiro para melhor apoiar teu corpo pequeno. Posse do silêncio conciliador neste curto espaço de tempo… Entregue, suspiro no alívio, como se toda tensão pudesse desaparecer. Os erros se transformam em acertos, as queixas se volatizam, a beleza do corpo adormecido transforma o quarto, estufa as cortinas ao vento. E a floração do jasmim perfuma a sala.  Sentada na poltrona que gostas de sentar quando a boa leitura avança, eu posso medir tua mão, teus pés abertos sob os lençóis, tuas ancas porque o vestido que cobre teu corpo está colado na tua pele suada. A perturbação desta contemplação tira o ar, e sinto um enjoo doce e quente desta floração tão próxima da janela. Mastigo as pequenas flores brancas… Minhas narinas abrem e fecham, tenho as mãos molhadas. Adormeço sentado. E a tarde vai esfriando o dia. A chuva fica mais forte. Venta. O verão surpreende.

3 comentários sobre “Outra vez

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