Estranheza, inquietude. Movimento. Angústia agitada da saudade! A melodia trabalha nas entranhas. Longas cartas! E eu te sinto tão meu! Depois perco o jeito, o coração aperta. Sigo. Ao seguir o jeito de olhar reflete desgaste, empobrecimento, desencanto. Em nenhum lugar estás.
Revisitação! Onde está o meu amado?
Emprestamos a vida este tom confidencial dos amores! Fica-se a contar o desejo, um querer isto e aquilo em lista interminável! Amar-te, Como exigias por escrito num português correto. Projetos possíveis, tão impossíveis! O reconhecimento desaparece: não sei quem és. Desconhecido neste mundo banal que habito: resta uma nesga de luz daquele olhar manhoso. Estrangeiros.
A queixa, o cheiro indesejável, o movimento de ir e vir das pessoas que afinal nos rodeiam parecem tão inútil! Eu te pressinto enquanto vemos um filme de horrores, naquele cinema acanhado, numa cidade deserta. Ansioso! Dar lugar aos que devem por direito ocupar o banco em que estás sentada… Este é o exercício final. O corpo dói. Costas, pernas, pé, mão, até os dedos doem. Já não podemos mais fazer de conta que teremos tempo, ou fechar os olhos e deixar de lamentar. Qualquer movimento seja pedalar, andar, dançar, nadar, experimentar parece tão sem sentido! Porque as pessoas que importam não estão mais aqui, não existem. Este sentimento é a insônia permanente que assoma. Sem fome, sem sede, mas despertos noite e dia. Despertos. Atentos. Nada que não se resolva com um comprimido, mas nada que possa desaparecer, porque amanhã de manhã, ou de tarde, ou perto da outra noite estarei com estes mesmos sentimentos ativados. Na angústia de ter afinal me esquecido de te amar! Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2012 – Torres quando comecei a me mudar, devagar, arrastando a vontade, com medo.