A dor continua por um tempo maior do que aquele que pensamos poder suportar. Se eu me penso em estado de amor, penso também na perda, no abandono. Um dia a mágoa finda, como termina uma estação, e se passa do calor ao frio, do sol a chuva. Quase não se percebe a mutação, ela se faz. Pode-se esquecer o sentimento mesmo de sentir. Mas tem a rotina, o cotidiano de fazer o que é preciso fazer. Substituímos amores por dedicação ao mundo real que tínhamos esquecido no estado de amar. O estado de amor é perfeito gozo, dor, lágrima ou riso, tudo é perfeito, mas de repente some, vira cruz.
Amamos o outro neste desespero todo de tão grande, justamente, quando nos esquecemos de ser. Esquecemos o espelho, o fazer, a meta, a ideia, o pensamento. Quando esquecemos que temos um mundo próprio e todo nosso. Como um quarto sem janelas. Quando esquecemos que podemos fazer, deixar de fazer, seguir, parar, continuar. Quando esquecemos que a vida é caminhar, quando estamos cansados de avançar, de abrir picadas resolvemos que vamos amar com paixão, apaixonar-se é o puro estado de esquecimento.
O que é preciso fazer quando o amor nos deixa, quando o objeto de amor desaparece? É preciso recomeçar a ver a vida de viver. Retomar o caminho, o nosso caminho. Dá um desânimo cansado, mas, também é preciso voltar ao espelho, ao detalhe, ao vaso esquecido na ponta da mesa, ao bolo, as cores das lãs que serão tapete, as flores, ao mar. Temos que voltar ao mundo real. Elizabeth M.B. Mattos – dezembro de 2012 – Torres

Amei o texto amiga. Como as vezes me sinto. Outra hora comento com mais detalhe , estou cansada trabalhei num projeto ate agora.
…não imagino quem viva melhor sem passar por esta dor do amor…do amor perdido, do amor que espreita, do amor que espera e nao consegue chegar ao coração do outro ou que seja do amor em todas suas dores. Tudo é para o amor e pelo amor….nao adianta…a vida nos arremessa à ele queira ou nao…e o tempo nos molda!
Penso que volta e meia usamos amor como sinônimo de paixão. E não é…
Esse movimento de ir ao outro e voltar a si funciona como outra forma de espelho. O perigo é nos moldarmos por ele…
Entendo que moldar-se por um amor é perigoso sim pois ao final o molde se desfaz e a decepção é maior…no entanto todo amor tem seu moldar-se…não adianta…é assim!!!
O amor tem varias faces.
Perdas, dores , vazios fazem parte do nosso amar , quando ele se quebra , se vai .
Este é o risco de se viver intensamente e da entrega.
Mas tambem atingimos muita felicidade , prazer e satisfaçao interior , quando o vivemos!!
O amor, louco e doentio , este sim que mata , destroi!
Uma opniao masculina , sobre o mesmo tema