“Evadida, pela primeira vez, de seu pequeno mundo, ela não pode deixar de contemplar essas incríveis torres de cantaria que surgiram durante a noite. […]
Tudo isso passou despercebido por nossa vida, sem que o tenhamos visto, sem que mesmo desejássemos vê-lo, vegetávamos sem sentido, […] e a distância de uma noite, de um dia, começa esta múltipla variação ao infinito! Subitamente, pela primeira vez, penetra nesse espírito até então indiferente e sem ambição uma idéia das oportunidades perdidas, pela primeira vez uma pessoa percebe, por seu contato com o poder supremo, a força das viagens, capaz de revolver a alma, capaz de, com um único rasgo, remover a grossa capa do hábito, e devolver a essência nua e fértil ao correntoso elemento da transformação.” (p.36)
Stefan Zweig
Êxtase da Transformação