Figuras no azul

IMG_1291

Vejo um cavalo puxando uma carroça. Dolorido, suado, magro. Cansado. Carros soam buzinas. Segue, aguenta na lomba. Cansado. A tristeza se derrama pela ladeira como um rio escabelado…Cascata a tristeza, escorre no paralelepípedo, nas calçadas. Minhas pernas doem, suarentas, exaustas. Sem cabresto sigo, sigo molhando o corpo na imunda saudade triste. Caminho nas pedras, descalça. Lembro a carta solidária de Iberê descrevendo generosidade, gritando dor. Solidário, impotente. Mundo egoísta, carimba propriedade, grilhão. Peso que mede sem medida, sem dó, ou piedade. Sobrevivência.  Água. Propriedade. Mil réis, cruzeiros, centavos, reais. Gravuras, pincéis, papel. Planto tomates e alface nas janelas poluías de São Paulo. Vou procurar os amigos: Edy Lima,  Marco, os Bordini, ou ainda Jean Lhemans. Paulo Sérgio. Levo mimo de Natal. Desafio Iberê a terminar o imenso quadro azul naquela terra gaúcha de Nonoai. Tropeça sem cor, sem tinta… Também tropeço no azul. Longe um do outro! Caídos. Como chegar no tempo de arrumar o tempo deste mundo que aperta? Não tem volta pra rua das Palmeiras. A carroça chegou ao alto. – Vou logo te entregar o meu pote de amoras, meu querido! Elizabeth M.B. Mattos – 2013 -dezembro – Porto Alegre

Foto de Joana Vianna Moog

Deixe um comentário