Junquilhos

Meu amigo, em tempo:

Também eu assinalei esta passagem. Amadeu introspectivo, vigilante. Ao ler o fragmento, de imediato, parei. Levantei os olhos, fechei o livro. Voltaram, enfileirados, acontecimentos que antecederam escolhas. O velho amargado desejo de casar. O silencioso momento do nascimento. O medo que antecede ao filho. A tomada de decisão apressada. As inexplicáveis rupturas. Mentalmente, fiz a lista destes cortes doloridos, todos, mas ainda assim, propulsores. A dor, a resolução, a caminhada. O silencio imperioso. Prosaicamente se acomodaram nas caixas, nos maços de papel, nos arquivos, paradoxalmente presentes em objetos, fotografias. Segredos dos segredos que levam ao inferno. Ou para o inferno? No entanto, sem estrondo, sem notícia no jornal, sem grito se torna definitiva a escolha. Sangue escorre como lágrima, escorre.

“ Na verdade, a dramaticidade de uma experiência decisiva na vida é de uma natureza inacreditavelmente silenciosa. ” (p.48) Trem noturno para Lisboa, Pascal Mercier.

Sim, meu amigo, a tua leitura caminha com a minha leitura. No mesmo tempo!  Hoje escolhi junquilhos para colocar no vaso.

Portão Azul, lugar nenhum, em junho de 2014.

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