Queres um café?

Transito entre alegria e ansiedade. Quero, e quero que termine logo o dia, a palavra, a ordem. Já pergunto outra vez… Ir e voltar, um tique-taque espreme meu dia em duas pontas soltas, abertas, sem nó, nem laço. Escoam vontades, ou fazer. Já entardece, já me acomodo nas novas histórias que se contarão amanhã, depois, repetidas narrativas. As roupas lavadas ocupam o sofá.  Escutas. Deveria tratar a memória. Aprofundar e cutucar sentimentos velhos, ou melhor, antigos, retorcidos e latentes, revitalizar este hoje. Não esquecer, ou apenas empurrar. Onde estão meus óculos? E aquela bolsa preta? Perdi os tênis de correr. Vou descer descalça para abrir a porta. Porto Alegre me faz falta. Reinventar a velhice ranheta. Inteira, ordenar, e viver melhor. Derramo mel, fel, sorriso e carícia. Julgo apressada, endureço.

Como laranjas, bebo o suco de uva, e bife com pão. Milho cozido. Salada verde, tomates, ovos. Anoiteceu. Ler, beber, e apressar-me. Vou terminar Terra de Promissão ainda hoje.  André Mourois espera. Nenhuma novidade. A repetição pode ser o exercício possível

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