Maio com chuva, o veranico terminou, mas o frio não se apresenta inteiro, ameaça. Umidade, e sonoridade do gotejado pesado destes pingos ininterruptos. Noites mal dormidas, sonhadas; revisando imagens, conversas, até o susto, a notícia da televisão. A mãe no sonho, linda! Ombros redondos, levemente roliços. Vestido decotado, e bordado com flores coloridas, pétalas salientes. Inclinada sobre a noiva, a Suzana. Comentei o quanto estava bonita, já sentada na cadeira da sala, pernas encolhidas, roupa solta, bege, os colares de madeira. Nos debruçamos sobre a imagem, a foto. Rimos. Bom que gostaste, disse, olhos escuros, mansos. Estes sonhos se sucedem com despertar. Vou ao banheiro, espio, pelos vãos da cortina. Volto a deitar. E outro sonho chega cheio de detalhes. Nestas frestas do sono, do que foi feito, dito, repasso o dia. Adormeço. Converso com ela mais uma hora, duas. Nunca apreendo o todo, escorrego. Não mencionou intimidades. Bebo água enrolada nos sonhos, e sigo sedenta. Elizabeth M. B. Mattos – maio – 2015 – Torres



























