Este mês seria aniversário da minha especial companheira, ou já estou esquecendo. Não é junho, mas julho. Já penso nela. Aquela lembrança prazerosa, e doída, como falta essencial. Não como a de pai e mãe, mais. Em algum momento ela somou a presença dos dois, encheu meu imaginário! Cuidou. Estas coisas de amor se misturam aflitas na memória. Sinto saudades do tempo, do cheiro, da voz. De nossas camas uma ao lado da outra separadas por pequena mesa de luz. Dos beliscões, não, mas afinal, importam igual. Posso vê-la a fazer tudo devagar, bem devagar, capricho particular. O modo de vestir impecável. Ainda lembro.
Ainda vejo as roupas que levaria para o hospital, caso precisasse ser operada, dobradas em cima da cama em pequenas pilhas. Gavetas impecáveis. Ordem, limpeza e bom odor. Vejo a máquina de costura bem no centro do quarto, perto da luz da imensa janela-sacada. Fechada, protegida. Cadeira de balanço com almofada de tapeçaria feita por mim. Nada fora do lugar. Os livros encapados, também eles ordenados. Saudade desta tia corajosa. Presente. Ela estava ali.
Não voltou do exame que fez no Hospital Ernesto Dornelles, Porto Alegre. Uma das muitas barbeiragens de hospital mal aparelhado, de médico, de incompetência, descaso. Apenas não voltou, não fez a mala, nem se despediu. Destas coisas trágicas da vida. Desastres humanos. Como escreve Henry Marsh no seu livro autobiográfico Do No Harm. Segundo a VEJA, “E lembra dos seus mortos com a ternura sugerida na frase do médico francês René Leriche, que aparece como epígrafe do livro:
” Todo cirurgião carrega dentro de si um pequeno cemitério ao qual comparece, de tempos em tempos, para fazer uma oração. ”
Depois de uma certa idade, ou na vida, cada um de nós tem seu cemitério particular, e, de tempos em tempos, nós o visitamos, ordenamos, colocamos flores, choramos, pedimos perdão. Sentimos saudade. Agradecemos. Acho que estou fazendo esta oração, por todos os meus amados, e por ela.
O depoimento: ” Curioso…sem saber da data outro dia falei na Joana para o Leonardo, que não a conheceu. De como cedo me ensinou o jeito “maduro” de chamá-la, sem colocar o “tia” na frente. Ela sempre muito carinhosa comigo, me vigiava na piscina e assessorava meu banho,o quarto cheiroso, as unhas impecáveis que ela dava aquele beliscão “fininho”… Hehehe…querida Joaninha, miúda mas grande! Acho que ela sempre foi a frente da sua época , lembro que quando eu quis fumar um cigarro achou tranquilo que eu experimentasse o mentolado dela, sem julgamentos. Sinto saudade também!” Cristiana
“Amada e inesquecível tia Joana. Presença querida, disputada pelos sobrinhos, era uma alegria quando ela vinha nos visitar.
Doce lembrança.“ Odila
“Joaninha, sempre presente. Chegava de surpresa justamente quando sua presença se fazia “necessária”. Que coisa. Sempre bem humorada, irradiava alegria. Lembrança sempre presente.” Eduardo
Marina, Ricardo, Eu e Luiza, Joana e Beatriz: Tia, sobrinhos, e sobrinhos netos. Torres. Rua José Picoral, 117 – edifício Alvorada. Saudade.
Amada e inesquecível tia Joana. Presença querida, disputada pelos sobrinhos, era uma alegria quando ela vinha nos visitar.
Doce lembrança.
Guardo viva dentro do meu coração.
Joaninha, sempre presente. Chegava de surpresa justamente quando sua presença se fazia “necessária”. Que coisa. Sempre bem humorada, irradiava alegria. Lembrança sempre presente.
Curioso…sem saber da data outro dia falei na Joana para o Leonardo, que não a conheceu. De como cedo me ensinou o jeito “maduro” de chamá-la, sem colocar o “tia” na frente. Ela sempre muito carinhosa comigo, me vigiava na piscina e assessorava meu banho,o quarto cheiroso, as unhas impecáveis que ela dava aquele beliscão “fininho”… Hehehe…querida Joaninha, miúda mas grande! Acho que ela sempre foi a frente da sua época , lembro que quando eu quis fumar um cigarro achou tranquilo que eu experimentasse o mentolado dela, sem julgamentos. Sinto saudade também!
Fiquei com lágrima nos olhos ao ler o que escreveste. Tenho que acrescer ao texto principal. Te gosto tanto menina!