Surpreendida por revelação inusitada, volto ao tempo. Afinal esta jovem, atenta amiga, boa e carinhosa foi portadora de generosidade, carinho desmedidos durante tanto tempo! Estas são as minhas lembranças. A ferida, a dor, o talho de faca, não lembro. Devo tê-la magoado, retalhado. Ou tudo é loucura. Atrapalhada nas emoções lava raiva contida, de muitos anos, imagino, e despeja impropérios a meu respeito escandalizando a ouvinte ocasional. Logo fico sabendo, ou nem sei se foi logo. Fico sabendo das palavras ofensivas. Estupefata.
Amorosidade e raiva se confundem. Muita raiva no enorme amor. O sentimento juvenil foi maior do que o meu atabalhoado receptáculo. Não sei onde eu agreguei, protegi, ou ajudei, mas também amei. Embalo ainda a ternura.
Esta raiva enorme cheia de ódio despiu velhos sentimentos represados, doloridos. A me destratar denudava-se em queixas amorosas.
Afastadas faz um tempo de quinze, ou dez anos pode-se empurrar motivos… Estou longe da trepidação do asfalto, das vaidades, das conversas ligeiras. Mais velha, e comovida. Impropérios não chegam como pedra, mas dor miúda de falta, da certeza que o outro sofre. A carência do palco, as palavras, alguma coisa ruim se remexeu dentro dela. Somos assim, os seres humanos, acovardados por palavras.
As minhas lembranças enroladas com fitas e etiquetadas estavam acomodadas na boa memória, hoje saltaram pra calçada. E volto ao tempo. Escrevo outra vez, meu amigo. Foi um sonho esta raiva toda batendo na minha janela…
Tramas amorosas, descabeladas, complicadas. Se a porta permanece aberta permitindo o entrar e sair, tão à vontade, a mágoa engorda, cresce, transborda.
De repente, afastar-se na interioridade da cidade pequena é um privilégio. Elizabeth M.B. Mattos – agosto 2015
Beth, toda história, sempre tem dois lados…interesses escuso de quem relata os fatos, talvez por ciumes, desejo de ter um relacionamento igual as das duas amigas e esta pessoa não tem… por isso é q sempre independente da hora , da surpresa e da dor que na hora q você está ouvindo o relato, devemos sempre dar uma parada e antes de deixar as emoções nos envolverem, devemos confrontar as pessoas, a que falou , a que narrou o fato p você e colocar em pratos limpos…nada como ter tudo as claras… porque de repente você se “envenena” por tantos anos e depois com o passar do tempo, você vai ver que não era bem assim… porque o tempo mostra tudo… e você pode perder uma amizade por conveniência dos outros . E no final você é que se ferra. Eu já fui assim de acreditar muito nas pessoas, no que me falavam, e no final nada era como tinha sido narrado e eu perdi boas amizades que poderiam ter sido para sempre em minha vida.
Perfeito amiga. Captaste bem o essencial do POST. Bom que o tempo nos faz mais sábia, aquietada. Exatamente como colocaste, sempre tem dois lados. E a doçura deve estar sempre escudando estas alfinetadas… Obrigada por tua complementação. Deveria ser inserida no texto base para todos lerem. Saudade amiga das nossas carioquices!
A velocidade com que passa o tempo e a vida, me assusta , porque somos finitos e nossa hora final se aproxima. Já passei a idade de me achar eterno , e vejo a morte mais a frente, mas não tento apressar o passo, mas sim tentar ir em direção ao destino inevitável, o mais devagar possível.
E para não perder tempo precioso da vida , procuro ignorar as maldades , e tentar dar valor apenas à felicidade , que se encontra até nas pequenas coisas.
Falar isso é fácil, mas a maldade e a injustiça incomodam… mas não posso me deixar ser atingido por elas, para , repito, não perder o tempo de contato com as coisas boas que a vida nos oferece.
beijo
Boa contribuição. Obrigada Chico.