Este texto que segue foi escrito pela Maryur está no Facebook. Está registrado, ou ali solto para nos iluminar, e , entender o sentimento, a realidade, – envelhecemos. Pequenos presentes, prazeres. Peguei emprestado. Estas questões sobre velhice importam. E importam porque amamos a vida. Penso. Não quero que imaginem, ou me vejam morta, mas que lembrem de mim como A Boneca de Kaffa (outro encontro no Facebook), aquela que saiu para viajar, e não voltou. Pensar neste envelhecer, ou na morte, é intensificar a vida. Na foto: Lucas Ana, eu e o João. Torres, 2015.
Memórias do Baú ( nov. 2012) Um olhar sobre a velhice.
“Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.” (Cora Coralina)
“E se vivêssemos todos juntos” (filme francês)
Dois momentos, duas situações vividas na última semana me levaram à reflexão sobre a velhice, sobre envelhecer, sobre aceitar a inevitabilidade do último ciclo da vida: 3ª idade, melhor idade…enfim vários eufemismos criados para desviar o foco da realidade que, apesar das conquistas da medicina e da estética, é inexorável.
Podemos ser mais saudáveis, mais ativos, mais úteis. Podemos fazê-lo da melhor maneira mas não deixaremos de envelhecer. E a mim parece que é sabedoria fazê-lo com dignidade, aceitando as marcas do corpo e da alma, com alegria, com serenidade, sem a busca desesperada da manutenção da eterna juventude, exercitando a mente, o corpo e o espírito sem fazer do plástico ou da clínica de estética nosso maior credor.
Assim, o texto que recebi sobre Cora Coralina e o delicado e profundo filme francês que assisti: “E se vivêssemos todos juntos”, me fizeram refletir sobre este momento da vida, sobre as emoções às vezes desconcertantes, às vezes surpreendentes que vivemos diante da onipresença da morte, quando a memória falha , o coração dispara e a doença se instala.
Claro que ainda não chegamos todos lá, que temos driblado com energia, com disposição o momento em que os cuidados e a solidariedade serão indispensáveis a cada um de nós, quando mergulharmos e submergimos nas nossas lembranças e experiências passadas.
Por isso vivamos o hoje da melhor forma com nossas famílias, nossos afetos, nossos amigos fortalecendo as redes e as ligações que estarão estendidas e disponíveis até o fim.
“Velhos não são crianças, não são anjos, não são os adultos que foram. São novos sujeitos em busca de ser…”