Memórias Secretas, do canadense Egoyan, De Amor e Trevas, na direção de Natalie Portman e O Décimo Homem do portenho Daniel Burman. Segundo a VEJA:
Lembrar não é um fim em si mesmo nem um exercício vazio. É compreender quem se é, e decidir quem se virá a ser
“Roupas, objetos, penteados e mobília interessavam minha mãe apenas como frestas pelas quais ela poderia espiar o interior das pessoas: em todas as casas , e até mesmo nas salas de espera de escritórios, minha mãe se sentava sempre no canto, ereta, as mãos cruzadas no colo, como a aplicada aluna de um tradicional internato para moças de família aristocrática, e observava tudo, sem pressa, a cortina, o tapete, a forração, os quadros na parede,os livros, os móveis, os bibelôs nas prateleiras, como um detetive diligente coletando a maior quantidade possível de detalhes, que, reunidos talvez lhe dessem pistas.
Os segredos das pessoas a seduziam e fascinavam, mas não como diz-que-diz, quem gosta de quem, quem namora com quem e quem inveja quem, mas como um impulso perene para encaixar em seu lugar exato as peças de um mosaico ou de um complicado quebra-cabeça.” (p. 317)
AMÓS OZ in De amor e Trevas Companhia das Letras, 2005