Não sei por que temos que voltar sempre ao início do nada. Voltar de Paris, ir a Bruxelas, ou a Nice, esquecer Limoges, não sei o que dói mais. Estamos descuidados, tristes, desatentos. Estou ainda a te esperar, meu querido. Desanimada, encolhida nesta esquina. Vontade de chorar, chorar com as lágrimas todas de criança… Voltar caminhando. Sim. Voltar… Elizabeth M. B. Mattos
“De qualquer modo não podemos voltar atrás, tudo o que fazemos é irreversível, e quando olhamos para trás não enxergamos a vida, mas somente morte. E quem acredita que as condições da época atual são o que promove essa sensação de deslocamento só pode ser megalomaníaco ou simplesmente idiota, e em ambos os casos é desprovido de consciência individual. Sinto repulsa em relação a muita coisa da época atual, mas a falta de sentido não tem origem nela, pois não era uma constante…Na primavera em que me mudei para Estocolmo e conheci Linda, por exemplo, o mundo de repente se abriu, ao mesmo tempo que a intensidade aumentou a uma velocidade alucinante. Eu estava perdidamente apaixonado, tudo era possível, a alegria estava sempre a ponto de explodir e envolvia tudo.”
(p.71-72) Karl Ove Knausgård Um Outro amor