Meu querido: parece inútil escrever quando estás tão longe! Longe já seria o bastante para me sentir perdida. Quanto tempo o tempo tem para nós dois? Escrevo pelo fim, contradigo toda lógica…. Apenas obedeço, e sigo peregrina atrás de ti. Enquanto te aventuras pelas estradas, enquanto tu segues o desafio do vento, eu te espero. Sentada na cadeira grande da varanda, perto dos gerânios. E seguirei teclando, lendo, e te esperando. De noite brindamos. Paradoxalmente, louca de amor, já estou outra vez ao teu lado. Não perdi nenhuma conexão, e embora os aeroportos sigam se agitando, gritando, empurrando, eu me inclino na gentileza de esperar. E chego bem cedo, conforme recomendaste. Leio devagar, muito devagar. Faço tudo assim, devagar, já sabes bem como sou. Elizabeth M.B. Mattos – 2016 – Torres
« Mais difícil de reconhecer, por terem consistência de sombra e sonho, eram as relações na outra árvore, cuja imagem reproduzia a vida. Lembrança primitiva da relação infantil com o mundo, da confiança e entrega talvez fosse a base; tudo isso continuará vivendo na intuição de ainda vir a enxergar como terra vasta o que habitualmente enche apenas um vaso do qual brotam os raquíticos ramos da moral.” (p.422) Robert Musil
O Homem Sem Qualidades