Fui reler cartas que te escrevi … As mesmas e repetidas histórias de abandono, de beleza, e de silencio velado, como criança que se faz aparecer, e depois envergonha. Neuroses não curadas, o meio fato, ou a meia verdade. O mesmo passado num ensaio repetido sem que exista o definitivo. Escrita circular. A mesma história desorganizada … Sem desfecho, sem sentido. Contada infinitas vezes, e se interrompe no mesmo ponto. Um colorindo difuso, sem o desenho. Sem consistência. Olhada do lado avesso, ou do direito, pelos lados, mas inconclusa. E me surpreendi com este emaranhado de lembranças. Sim deveria ser organizada. E o inconstante vem junto neste modelo inacabado…E faz muito tempo alguém me disse que se lesse uma carta minha de 50 anos atrás, ou 45 anos atrás ou da semana passada, ou 20 anos ou um mês seria a mesma coisa. O mesmo interrompido e lamuriento fato. Será viver uma insistência enlouquecida de dizer, gritar e nunca compreender?
Os teus belos textos sempre mexem comigo e me fazem pensar, muito.
E tu me contares, comentares me estimula … às vezes acho que são sempre os mesmos, e dá vontade de não continuar. Obrigada.