O que penso? Já começaste a escrever. A vida de Príncipe se abre organizada aos meus sonhos. Pés enfiados na areia sinto a água do mar. E a praia e a serra conversam. O balneário e a capital conversam. E meu café preto se encanta com a taça de chá. Descalça, desarrumada nas roupas pretas, eu te penso. Vento nos cabelos. Ansiosa revejo mentalmente o livro de Lampedusa. Lembro das castas da nobreza dos degraus. E penso a burguesia o rebelde o camponês/ agricultor/ pescador. Se pudesse sentir os pés no gramado do teu palácio! Ter os braços ao sol. Se pudesse ser rebelde altiva proletária poderíamos assim mesmo conversar? E beber os vinhos da Sicília com casta de Nero d’Avola? Sabor apurado gesto comedido a brindar. Conversa adequada e o tom certo na voz como se estivéssemos nos salões e não sentados nos degraus de um chalé beira mar. Beth Mattos de Torres -2017
“A sua volta pairavam outros espectros ainda menos atraentes que aquele: porque morrer por alguém ou por alguma coisa está certo, é da própria natureza das coisas, mas era preciso saber ou, pelo menos, ter a certeza de que as pessoas sabem por que ou por quem morrem.” (p.23)
O Leopardo, Lampedusa