Toda palavra é cicatriz

desenho o sonho brennandA história circula azeda e tendenciosa.  É preciso lavar  angustia medo e o escuso. Lavar na calçada (em bacia) lavar no tanque na máquina de lavar ou pelo fio do telefone… Limpar tristeza decepção escondida, mas lá dentro ativa a espernear e a se defender do outro, no outro… Estórias se multiplicam estranhas e assustadoramente as mesmas… Velhos chafurdam desconfiados nestas delícias putrificadas das esquisitices do outro, do sucesso do outro da dor achada do outro. Corrompidas histórias escalavradas, e medrosas. Toda palavra é cicatriz diz André Ricardo Aguiar, poeta pernambucano de Itabaiana. E o que importa? A pergunta ou a resposta? Não resisto: “E, quanto a mim, exultante e comovido com a descoberta de O Leopardo, de Lampedusa senti uma tamanha identificação com o príncipe Salina, como se fôssemos de fato os últimos a possuir recordações insólitas, distintas de outras pessoas. ” Diário de Francisco Brennand, O Nome do Livro Vol. II  1980 – 1989.

Quando eu desaparecer não haverá mais mundo. Não vou abandonar nenhum mundo porque o mundo é apenas o meu olhar…  Eu sou o mundo. O amargo da vida e o azedo da conversa, estas angustias pequenas não importam, estão certamente do/no outro lado. Beth Mattos, Torres. Elizabeth M.B. Mattos

De repente perguntou a si próprio se a sua morte seria semelhante àquela: provavelmente sim[ …] Como sempre, a consideração da sua própria morte serenava-o tanto quanto o perturbava a morte dos outros, talvez porque, no fundo, bem lá no fundo, se a sua morte fosse, em primeiro lugar, seria a morte do mundo inteiro. ” (p.230) O Leopardo de Lampedusa

DESENHO Brennand

Desenhos de Francisco Brennand

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