não posso mais dançar?

…voltei de Recife, mas não cheguei tanto este jeito esfarelado esquisito e engraçado de ser me aborrece…  Diferente entre nostálgico irritado e triste. Um pedaço tomado por angustia sem entender aquele outro pedaço que exige e quer vida abraço beijo abraço e risada, outro beijo. Faz muito tempo que não consigo chegar dentro de mim nem entender quem sou e por que sou assim lenta e acelerada. Talvez a idade, estes danados setenta anos que logo serão setenta e um, dois e quatro. Estes anos me adolesceram, e me rejuvenesceram, no entanto, as dores ficam. Os joelhos, a perna esquerda, as costas, os olhos! Ah! Queria/gostaria que eles enxergassem mais e melhor. Repudio este fazer desorganizado, e este sentir dolorido. Nostálgica, apegada e distante. De noite perambulo, olho para o céu e para a chuva e espero. Quando jovem o vazio e o desespero, a lágrima alimentavam.

gostava de vestir fantasia de moça recolhida, entristecida, romântica enquanto séria e expectante. A moça que escrevia, lia e alimentava ilusão de que o amanhã seria enorme, imenso, vasto e infinito. Foi com estas fantasias que ele e eu nos vestimos. O inverno nos surpreenderia abastecidos e saciados. Então eu me pergunto por que acordei se não posso mais dançar? Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2017 – Torres

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