— Como é que me dizes que não sabes NADA a meu respeito? Sabes o que nem eu sei… Eu que me desconheço nestes altos e baixos de dizer e desdizer, tu que insistes, e me esperas, e me queres como nem eu me quero. Como me dizes que não sabes… Só tu conheces o que nem sei e nem percebo. Só tu vês o que não vejo, e ninguém vê (amor desobediente/ despencado/ escondido)… Só tu estás aonde me perco…
— Tens razão. Talvez haja mesmo um certo exagero neste NADA saber. Há um saber, um saber pouco que é mais do que nada, não sendo muita coisa, um saber de ti e nosso que é pouco, mas no interior deste entendimento rarefeito descontínuo de tão pouca informação tua presença deixa rastros indícios e aromas que se misturam: os teus nos meus. A continuidade se antecipa/espera/aguarda o saber recíproco que existe além de nós os dois… Este saber tem um sabor que se regozija neste provisório incompleto que não sabe e nem necessita saber de desencontros, ou perdas ou descaminhos, pois é amor. Amor. Elizabeth M.B.Mattos – Torres, julho de 2017.
A Trégua – Mário Benedetti: Editora Alfaguara, Objetiva 2007
“As pessoas me olham, me sorriem, algumas até chegam a fazer a careta que precede o soluço; depois se dedicam a abrir o coração. E, francamente, há corações que não me atraem.” (p.23)
“Sim, o trabalho amordaça a confiança. Mas também existe a galhofa. Todos somos especialistas em galhofa. A disponibilidade de interesse ante o próximo tem de ser gasta de algum modo; do contrário, ela se instala e sobrevém a claustrofobia, a neurastenia, sei lá.” (p.103)
Que bom eu ter acertado. Amor importa sempre. E o conhecimento pode estar na ponta dos dedos.