Eu não gosto de ir nem de vir, quero ficar. Essa tensão me pega de tal jeito que me impossibilita de fazer ou ser como outras pessoas, natural. Ser natural, leve… E isso me aborrece, incomoda, atrapalha. Eu me sinto exigida presa ao que os outros esperam, imaginam a meu respeito (e nem sei se existem outros)… Abro os braços, acolho/recebo. Abro o espaço. Faço esforço para não decepcionar já decepcionando. Como se não tivesse força, mas tenho. Eu me esvazio agradando. Erro. Se fosse escolha feliz tudo bem, mas não é. Gostaria de viajar amar outra vez abraçar/amado/amante amigo alguém ao meu lado. Alguém que me tomasse pela mão… Enfim, ser como os outros, mas não sou. Vou eu mesma me excluindo como se fosse solução. Se estar ou ficar escondida resolvesse problemas… mas, não consigo descobrir onde estão as amarras. Por que Elizabeth/ Liza/ Isabel / ou Beth se transforma em idealista sem ideal? Esta aposentadoria pesa e atrapalha. O dia parece muito menor/ apertado/ ínfimo. Escrever restrito as cartas diários desabafos anotações… Não molhei a grama, não cuidei das flores, e não descrevi a menina de vestido amarelo, sapatos de verniz que espia as irmãs.
Como era meu pai? Gentil, preparado, permissivo. Bonito. Inteligente. Provedor. Olhos arregalados esverdeados… Educado, gentil, o meu querido. Minha mãe, linda! Mulher entre literatura, artes plásticas, lógica e beleza. Dominava o teatro. Elegância, bom gosto. Generosa e acolhedora. Cenógrafa. Poeta e amiga. Bom gosto… Fez o que importa: tocar/chegar na beleza completa. Difícil descrever. O que importa? Revelo / digo, mas esqueço outras tantas trilhas… Elizabeth M.B.Mattos, julho de 2017 – Torres –
Foto julho de 2017, Rio de Janeiro. Ana Cristina Gilbert – Sutilezas do olhar –