. . .não existe atalho, mas o caminho certo. Lágrima de dor, ausência distraída, insistência, não é amor. Com olhos vendados vejo. Posso fechar portas janelas, igual estarei vendo sinto. Nesta época/ neste hoje, em que se acredita existir um atalho para tudo (para ficar até milhardário e poderoso), a maior lição a aprender é que o caminho mais difícil é, a longo prazo, o mais fácil. Tudo que é apresentado nos livros, tudo o que parece tão terrivelmente vital e significativo, não passa de uma parcela ínfima daquilo que lhe deu origem e que está ao alcance de toda a gente. O padeiro, o motorista, o pescador, o pipoqueiro estão na vida cheios de ciência e saber. Toda teoria educacional se baseia na ideia absurda de que devemos aprender a nadar em terra antes de nos atirarmos na água.
E tenho medo de arriscar de sentir, de entrar na selva… Porque não sei como seria sobreviver lá dentro…,estou acostumada ao meu quarto. A vida será selva / floresta / deserto?
“N’ iras pas loin, celui qui sait d’ avance où il veut aller.” Napoleão Bonaparte.
Não saber é a grande, e rica jornada. Ir e voltar, estar no escuro mais tempo do que estar na luz, avançar, perder e achar. “Não irá muito longe aquele que já sabe exatamente aonde quer chegar”. Eu me esforço para estar contigo, eu me esforço para ser melhor, eu quero muito, muito encontrar, ter a chave, escrever, fazer acontecer, ser melhor. E não consigo. Estou paralisada. Talvez o dia ou a hora já tenha passado. Eu não vi, não me dei conta… Quero ir mais longe, assim mesmo, sem saber, quero te tocar, deixar de te amar, quero te amar. Esquecer e seguir. com medo, sem medo. De olhos fechados. Ou vou ficar, de repente, eu vou ficar congelada / paralisada aqui, a te espiar… Olha! São as baleias! Elizabeth M.B. Mattos – 2017 – Torres
“Ao reler um livro, penso na época, no lugar e nas circunstâncias que os meus antigos eus conheceram. Conrad diz em algures que um escritor só começa a viver depois de ter começado a escrever. É uma verdade parcial. Percebo o que que ele queria dizer, mas a vida de um criador não é a única vida de um homem, nem talvez a mais interessante. Há um tempo para nos divertirmos e um tempo para trabalharmos, um tempo para a criação e um tempo de espera e preparação. E há um tempo, também glorioso, à sua maneira, durante o qual somos um vazio completo. Quero eu dizer, em que o tédio parece constituir o próprio tecido da vida.” (p.257) Henry Miller – Carta a Pierre Lesdain – Os Livros da Minha Vida – Segunda Edição portuguesa, março de 2006 – Editora Antígona