“Percebi então a verdade sobre todo o amor: é um absoluto, que tudo toma ou tudo perde. Os outros sentimentos, a compaixão, a ternura e assim por diante, existem apenas de forma periférica e pertencem às construções da sociedade e do hábito. Ela, porém – a austera Afrodite -, é pagã. Não toma para si nosso cérebro ou nossos instintos – mas nossos ossos.“(p.101) Quarteto de Alexandria Justine – Lawrence Durrell
Em se tratando do intenso, relações se tornam frágeis como…, como o fogo de um palito de fósforo?, …não sei explicar, apenas frágeis, inconsistentes. O grande sentimento não consegue esticar outros possíveis existentes sentimentos. Ou é isso, ou é aquilo. Se raiva ódio culpa existem, todos os outros sentidos desaparecem. A traição ou o desprezo engole sorriso, perdão, ou a benevolência. Importa o que chegou primeiro, o genuíno permanece / segue saltando… Esta caça ao amor é um movimento perdido: temos que reconhecer a austera Afrodite entre tantas tentativas / buscas frustrantes.
Cada rosto, cada história tem um jogo particular, trágico, violento, belo. Qual importa? Tenho a sensação que não existe cura para a vida porque não se esconde/ou apaga a memória. E a esquecida dor é chaga permanente. A boneca que não chegou no abraço, o beijo apressado, o boa noite escuro, a morte da mãe do Bambi na fogueira, o beliscão por baixo da mesa. Não esqueço o tal esquecimento. E se houve abandono, nunca mais… Não vou recuperar o perdido: não sou o que penso ser, infelizmente. Interpreto o possível. Guardo enterro com raízes a dor, e ela volta / nasce / renasce e se faz mato outra vez. Pensar a vida seria atravessar/ desbravar uma floresta e este misterioso quintal pantanoso. Não há esconderijo possível. Um livro de memórias nunca será ele mesmo a verdade, posto que a verdade não existe / tem o olhar, nada mais. O arremedo, tentativa tendenciosa. Impressionismo, expressão da projeção: apenas palavras. Elizabeth M.B. Mattos – 9 de dezembro de 2017 – Torres

Foto de Luiza M. Domingues – Alagoas – 2017
Muito bom!
tu tens me ajudado a escrever
escrevo porque quero dizer para alguém, o outro. E espero resposta, uma voz … e lá estás. Muito bom!
Simone Jockymann “muiiitttooo bom” trouxe do facebook para que diga dentro do Amoras (10 de dezembro de 2017)
Muito bom.