Domingo. Outono. Arrumações que se transformam em preguiça, curiosidade. Vontade de escrever, conversar. Estou de um lugar para outro, sem foco. Lavo a louça aspiro tiro o pó. Arrumo a cama leio dois parágrafos escrevo outros dois. Olho pela janela. Tomo um banho. Volto. Caminho com a Ônix, volto. E o dia terminou. Esquisito. Estou atrasada nas notícias nos afetos, nas minhas intenções. Esta ansiedade me surpreende. Tudo misturado. Tudo remexido, não apenas gaveta, armários livros. Revistas. Louças. Fotografias. Queria ordenar / arrumar a casa, deixar catalogado este amontoado de papel. Jogar fora o que não serve. Como que preparar o amanhã. Se eu morrer ninguém vai entender/ achar nada. Fogo. Uma grande fogueira. Esquisito. Na verdade nos preocupamos com o depois. Mas o depois, no depois, nada deste hoje/agora importa. Seremos outros, noutro mundo. Se retornar não saberei o que fui, ou como foi. A vida se apertada como um novelo de lã dificulta tudo. Haja paciência e calma! Nada de tesouras, ou puxões. Há que se conseguir devagar puxar a lã pra tricotar. O quanto devagar é a questão.
Quis te contar que os episódios de dezembro, simultaneamente, seguem vivos, presentes, e me aborrecem, incomodam. Por que não posso ser livre, solta e produtiva! Não. Vou arrastando o tempo. Bicho esquisito o ser humano! Esquisita compulsão. A pressa tem o sentido do mais em menor tempo. Recuperar o tempo perdido, suponho. Suponho. Perdido em quê? Suponho tantas coisas! Deveria me preocupar com o meu nada, meu vazio, meu difícil, minha língua ferina, minhas mágoas, esquisitices. Este marasmo difícil! Não consigo acomodar as coisas, nem o pensamento. Móveis caixas seguem empilhados. O apartamento se aperta nesta confusão! Assim mesmo ajusto aqui ali troco as tomadas. Compro panelas. Leio. Espero. Escrevo. Caminho. Gavetas prateleiras, eu mesma. Que desordem! Paradoxalmente gosto deste sossego vazio. Questões políticas me inquietam. Eu volto. Elizabeth M.B. Mattos – Torres – março 2015