Escrever é estar junto. Tenho que reler, ler com atenção tua carta. Voltar a terapia, ao José Luís Peixoto, aproveitar tudo, devagar.
Hoje pensei na prisão: deixa de ser quando nos damos conta de que é mesmo prisão? Acho que sim. Aprisionamos limitações. Carências da solidão. Aprisionada ao medo. Ansiedade e pecado. Pequenas fugas escondem o limite de poder fazer ou não fazer. Sigo ordenando (palavra repetida, o mesmo ranço) livros, e não encontro o livro citado… Não há tempo para esta desordem que faço, inclusive, com a leitura. Estou a te escrever inquieta neste cinzento da manhã. E tanta chuva!
Do teu aniversário. Gostei. Gostei da ideia de ires ao encontro do amado. Do deslocamento. Bom que já estás bem. Adoecer é como voltar ao perigo. Coisa boa ter este desdobramento de saber do trabalho, mesmo deslocada. O lugar passa a ser apenas passagem. Sinto uma doce inveja do teu foco. Preciso viver. Intensificar. Vou caminhar. Elizabeth M.B.Mattos – janeiro de 2017 – Torres