Luzes, pedras, ou elos. Não sei como se faz a leitura, nem explicar como sinto os ecos, ou quando eu mesma me sinto, absolutamente, triste, infeliz. Escolhi o lado errado. O mais isolado. E me afogo.
“cinzenta e adormecida”
Acho que o adormecer pode ser cinzento, e o adormecido escandalosamente vulnerável.
“com luz, com barulho, entre os apressados relatórios de sua irmã em meio ao despir -se. Que felizes são, eu apago as luzes e as mãos, dispo -me aos gritos da lufa-fufa diária, quero dormir e sou um horrível sino ressoando, uma onda” (p.31)
Tento dormir quando as luzes diminuem ou quando o relógio se aproxima das 17 horas, das 18 horas, ou desespero às 21 horas, … tento dormir todas as horas do dia.
” quando Luís Maria dança comigo a sua mão na cintura vai subindo como um calor de meio-dia, um sabor forte de laranja ou bambus chicoteados, “(p.34)
Este dançar esquecido do/em tempo de menina. Depois esquecido, quando foi mesmo a última vez que Luís Maria dançou comigo? Eu deveria ter trinta anos.
“…hão de me castigar lá, mas quem sabe se é um homem, uma mãe furiosa, uma solidão.” (p.36)
Lembranças desta memória se misturam com a ficção. E o cinzento se mistura ao adormecido e a insônia …
“[…]tarde esverdeada e aquosa como não são nunca as tardes se não se as ajuda imaginando.”(p.36)
Pinceladas da natureza que se fazem necessárias. E o sentido se fortifica. Saio da loucura do imaginado.
“Já vou, mamãe. Chegaremos em tempo a seu Bach e a seu Brahms.”(p.37)
Se a música entrar … e, ficar presa na alma, eu sobrevivo.
” Era pior, um desejo de conhecer ao ir relendo; de encontrar chaves em cada palavra atirada ao papel depois dessas noites. Como quando pensei na praça, no rio quebrado e os ruídos, e depois … Mas não o escrevo, não o escreverei jamais. […] E apesar disso, já que terminei este diário, porque a mulher ou se casa ou escreve um diário, as duas coisas não andam juntas – já agora não me agrada deixá – lo sem dizer isto com alegria de esperança, com esperança de alegria.” (p.40)
Cansaço repetido. Demora na leitura de Orhan Pamuk que me enfeitiça e me atordoa. Arrumo/ trabalho/ ordeno o que não poderá jamais ficar perfeito, ou sem pó ou apenas prazeroso. Sigo atordoada esquisita e enfeitiçada. Por que sou como sou, por que deixei de ser quem poderia ter sido? Por que não estou, pacificamente, me deixando levar na boa correnteza. Amanheci atormentada e angustiada. Se a tua voz me chamasse uma única vez, eu me alegraria. Elizabeth M.B. Mattos novembro de 2018 quando outras leituras esclarecem, ilustram e perturbam! Intrigantes marcas em BESTIÁRIO de Julio Cortázar. Remexe e revira a alma. As citações são do conto A DISTANTE.

Adoro a singeleza desta árvore, e florida …, tem o poder das flores. GOSTO de cinamomos.