Se eu pudesse…
Capítulo IX
“Espero ter desenvolvido, suficientemente, as minhas ideias nos capítulos anteriores para dar o que pensar ao leitor, e para por em condições de fazer descobertas nessa brilhante carreira: não terá senão que ficar satisfeito de si, se um dia conseguir saber o modo de fazer viajar sua alma a sós; os prazeres, que essa faculdade lhe proporcionar, compensarão, de resto, os quiproquós daí resultantes. Pode haver gozo mais lisonjeiro do que o de dilatar a sua existência, de ocupar ao mesmo tempo a Terra e os céus, e de duplicar, por assim dizer, o próprio ser? O desejo eterno e nunca satisfeito do homem não é o de aumentar o seu poder e as suas faculdades, o de querer estar onde não está, de recordar o passado e viver no futura? Quer comandar exércitos, presidir academias, ser adotado pelas formosas, e se possui tudo isto, tem saudade dos campos e da tranquilidade, invejando a choupana dos pastores; os seus projetos, as suas esperanças naufragam sempre de encontro às desgraças reais inerentes à natureza humana; não lhe é possível encontrar a felicidade. Um quarto de hora de viagem comigo vai mostrar-lhe o caminho. […]” (p.31-32) Xavier de Maistre Viagem ao Redor do Meu Quarto
Estou limpando estantes, e, a bem da verdade, levarei o verão inteiro, talvez mais… Visitas, conversas se esticam irritadas e tropeçam na desordem. Neurastenia seria uma boa palavra? Ostracismo, egocentrismo. Quantas terminologias a serem revisitadas! Eu me divirto. E.M.B.Mattos – janeiro 2019