Torres com chuva numa segunda-feira cinzenta. Quando acordei o mar tinha uma risca brilhante no horizonte. África com sol…, o sol que não chegou. Caminhei: o mar com espumas e ondas. Depois de termos conversado sobre a noite mal dormida, das inquietudes. Um café preto, bolachas, aquelas redondas uruguaias: Pannina, El trigal: já comeste? São ótimas, gostosas, não amolem. Manteiga e mel. Lola, minha gata cinza, pinoteando a volta. Pensamento concentrado na tua doçura. No teu ritmo, tua força interior. Sigo as marcas, acompanho o traçado. Eu te gosto. És um homem essencialmente amoroso. A calma me encanta. É pacifica. Como será que recebes a minha tempestade? Pela vidraça a chuva e os raios: a beleza. Se eu pudesse, agora aconchegar- me! Gosto de estar contigo.
O telefone. Passado e agora/hoje, fica-se tempo indefinido a pensar. Toda relação que termina continua… Quando se ama, o que não acontece sempre, existe/há dificuldade para aceitar o fim, ou o que não pode continuar, ou dividir tempo, e outras coisas que envolvem o que se nomina relacionamento, mas era/é amor. Não existe idade. Ontem o choramingo da ausência. Irrisório e inexplicável desentendimento: desassossego. Enquanto me dizia / contava/ falava ela desenhava. Misturo personagens: vida povoada a minha! Tudo eu te digo em carta, a teclar. Tem um traço firme, força nas expressões. Eu me orgulho. Desvios chorosos e artísticos. História paralela. Doçura e paz na relação homem e mulher, importa. Tão bom te escrever! Vou guardar o tempo silencioso desta hora tardia para te escrever. Espero o teu chamado. Repenso a história do carro, trocar o meu, como sugeriste, mas que não seja me desfazer do fusca. E.M.B. Mattos – Porto Alegre – 1999 