Morte. Violenta sacudida interna, dolorida. Passiva, quieta, atenta, ou apenas estupefata. Surpreendida? Não sei. Qualquer coisa pior ou maior. Tristeza sem caminho, no fundo do olho o chumbo. Afogo neste sol que me queima… Feridas pelas pernas, pelos braços, sangra a boca. Palavras soltas, engajadas, arrastadas ou ordenas, sem significado, nem intenção. Um vídeo, o filme. Diminuição, banalidade: cotidiano doméstico, um fazer e um esperar. Será que neste vasto, vasto mundo da poesia, neste mundão de postal, e de tanto faz de conta de vitrines, boas comidas, e tanta futilidade, nesta enorme praça/parque de diversões tem espaço para o real?
Fiz comida. Tomei café, lavei o que ainda faltava, passei roupa e vi as notícias, as mesmas do dia na madrugada, escutei /vi: tudo igual. Não posso ler. Estou impregnada desta atualidade vermelha, rasgada, perfurada, destes buracos na terra. Desta defesa acusação. Brinquedo de polícia e ladrão. Detetive, sem herói. Banalidade a brilhar! Atordoa o silêncio. Nada pode ser dito. Elizabeth M. B. Mattos – março de 2019 – Torres