Saindo apressado: já se foi, e nem cheguei. Agitada neste fazer sem terminar, narrativo. Gosto. Eu assim mesmo…, espero. Escrevo, às pressas, no pensamento: sem lápis, sem teclar, sem caderno, nas beiradas da memória. Encontro amigos, aqueles que ficam a sorrir, não desaparecem não se apagam, comigo, assim como o Lauro, estão… Amorosos. E me espiam, apoiam. E não me deixam parar, então, escrevo. Estou com eles. Contigo. Eu te espero. Estás chegando. Tão bom! E espio o Xico: já faz tudo tanto tempo! Iberê, Stockinger Glauco Rodrigues, Scliar, Carmélio Cruz. E nesta memória com Lauro, com Célia Ribeiro (minha chefe, a vontade de escrever, artes plásticas, Flávio Tavares, ainda no jornal a Hora. Antes das demissões! Quanta história nesta minha memória quase estória…
A contar… Quando dO Jornal Feminino com a Célia Ribeiro, Lauro Shirmer, no jornal das vinte e duas, âncora. Dono do horário, lembro, ou seria das vinte horas? Uma noite participei, a televisão convidada vez que outras os novatos (exercício). Eles, Lauro e Célia, mimavam. Eu tão jovem! Visibilidade, juventude, liberdade e vontade! Boa experiência! E eu citando em pleno programa Exupèry, cheia de opinião! O Pequeno Príncipe não tem idade… Depois: G.Bernard Shaw, Aventuras de uma Negrinha que Procurava Deus:
“Meu conselho é que você faço todo trabalho que lhe surgir pela frente, o melhor que puder e enquanto puder, e assim torne úteis e honrados os dias que lhe resta viver antes do fim inevitável, quando já não haverá nem conselho nem trabalho, nem fazer, nem conhecer, nem ser:
– Haverá um futuro quando eu estiver morta – disse a rapariga. – Mesmo que não esteja mais aqui, posso conhecê -lo?
– Você conhece o passado? Se o passado, que realmente aconteceu, está além do seu conhecimento, como pode querer conhecer o futuro, que ainda não aconteceu?” (p.27) tradução de Moacir Werneck de Castro – Editora Globo 1949
Sim. Tudo remoto. Antigo. Verdadeiro nestas primeiras e apaixonadas, misturadas e misturas leituras. Ávidas. Pendurada nas estantes, limpo os livros, não resisto: leio um, abro o outro, e penso na moça, na sonhadora menina que eu fui/ era/ sou. Os encontros, as novas experiências de hoje e eu comigo. Lauro Shirmer e Célia Ribeiro! Tanto tempo!
Todos amarrados neste livro, neste texto. Uma memória dentro da outra. Eu nunca deveria ter abandonado o jornalismo nem a televisão, nem meus sonhos. Deveria ter voado com eles na minha pandorga. Sem lamentar: na memória dele a lembrança… “velhos tempos“! Quando me presentou este livro eu escrevia as memórias do Xico, e já gerenciava a Garagem de Arte / eles me prestigiaram na galeria . Jornalismo na Revista do Globo, Jornal Feminino na televisão, tudo foi antes. Enfileirados nas estantes, empilhados: livros velhos, e os novos. Memória escorregando, e eu enfiada em 2002. Quero agora. Que chegues logo! Elizabeth M.B.Mattos abril de 2019 – Torres, ancorada a te sorrir!