As coisas acontecem tão do mesmo jeito, mas palavra gesto, não sei!!! O mundo não vai nem vem, se fecha e se abre igual. Impotente gotejando resvalando, em frente, mas o mesmo. Se assumo crescer, eu vou não sendo, mas acaba sendo o mesmo… Estas leituras dizem de forma nova inovando o sentimento no expressar, mas tão igual! O mesmo / o igual se remexe poderoso dentro de outra palavra, exala e repete, o novo no mesmo.Beth Mattos
“Como é que pode gostar do verdadeiro, no falso? Amizade com ilusão de desilusão. Vida muito esponjosa. Eu passava fácil, mas tinha sonhos, que me afatigavam. Dos que a gente acorda devagar. O amor? Pássaro que põe ovos de ferro. Pior foi quando peguei a levar cruas minhas noites, som poder sono.” (p.93)
” Eu abaixava os olhos, para não reter os horizontes, que trancados não alteravam, circunstavam.” (p.81) Achei tão lindo este dizer! Não reter os horizonte, não imaginar que pode terminar ou ter fim / sendo horizonte estão fixos e permanecem infindáveis.
“A tarde foi escurecendo. Ao menos Diadorim me chamou adeparte; ele tramava as lágrimas. – Amizade, Riobaldo, que eu imaginei em você esse prazo inteiro… – e apartou minha mãe. Avesso fiquei, sem jeito. […]
Ele só falava por pedacinho de palavras, Mas eu vi que o olhar dele esbarrava em mim, e me encolhia,”
e tudo é João Guimarães Rosa num lapidar numa soltice/ leveza / beleza criadora e genial que carrega o sertão por dentro e materializa em palavras.
O que é dito revira, o que se pensa e diz, dá volta de falar como se fala no sertão. Na palavra o gosto. Eu volto.
“Que mesmo, no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar Diadorim, carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.” (p.67)
Há que se entregar no prazer, nas voltas reviradas de pensar, neste ir e ficar e deixar passar sem ver, enxergar o detalhe a minúcia e a tristeza de ser tudo igual, solidão. Elizabeth M.B. Mattos – julho de 2019 – Torres Ana Maria em Recife