tu escutas

…, tu escutas e me acalmas. Do outro lado. De  um lado que não sei, desconheço tudo, e tudo conheço, tens razão! Se me escutas, eu adormeço no teu abraço! Escuta este vento cinzento! Fragilidade, força e palavra, a tua. Sombra e teu sol neste sábado cheirando a cinza, no branco.

Vento estranho! Notícia esquisita, voz alegre a tua: eu te conto! Ontem me deixei ficar nas novelas / novelões: um atrás do outro. E gostei. Que o mundo me abrace. Sim. Gosto do teu abraço. Elizabeth M.B. Mattos, a menina da rua Vitor Hugo a namorar as bonecas, os doces do padaria da esquina, e a liberdade (o grande mimo da vida!), e passear de bonde! Voltamos. Voltaremos.

agressividade

Indicar livro: pretensão mal colocada.  Peço desculpas. Não devo fazer isso porque é indelicado, invasivo. Tanto quanto querer avançar na intimidade protegida do outro. A leitura tem um viés tão particular tão sensual tão interno, tão apenas teu que recomendar livros pode ser semelhante a te desnudar para outro. Ficar de fato nua. E mesmo assim, aquele que lê, e te procura na leitura, vai se deter em partes do teu corpo que não serão aquelas que tu gostarias que fossem vistas… Grande confusão! Será tudo um equívoco, um enorme engano. A leitura deste ou daquele livro é um mistério individual / particular/ inviolável. Vou  ter que reformular esta minha mania de atirar livros pela janela. A conversa se torna perigosa, inútil, vazia, sobrecarregada. Sério isso. Podes ganhar um leitor, mas podes perder um amigo, definidamente.  Estas questões só devem acontecer coroadas dentro de um sitem escolar. O que eu leio o meu livro, não será a tua leitura. Haverá um choque  e incoerência. Vou ter que falar/ conversar com a minha amiga que faz rodas de leitura com sucesso e domina, ela acerta porque trabalha / estimula a leitura. Eu fui tão mal interpretada! Céus! Preciso apreender! Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2019 – Torres. Talvez a Magda com a fotos dos belíssimos lugares que atravessa durante sua viagem façam mais sentido. Esteja correta, um recorte, um clic e a beleza especifica recortada é o ponto. Sem dúvidas. Elizabeth M. B. Mattos – outubro de 2019 Torres

LAURA RANGEL LAURA RANGEL Laura Rangel Laura Rangel, preciso ir ao teu encontro e participar deste trabalho de leituras que vocês fazem: discutir isso… Eu quero entender os livros que não estão ao meu alcance. Preciso de vocês. Quero ajuda.

 

 

amor amizade amigável ‘cool’

Outra vez nas voltas. Não sei muito bem porque não esqueço o cool e todos aqueles detalhes do acaso, no caso certo de encontrar… Sei lá como explicar. O estranho nesta / desta estranheza misteriosa pode ser te guardar inteiro / completo.  Das três horas até às cinco horas da manhã. Mas, eu te prometo, vou me colocar no acaso, distraída. Sem avisar chegas, já conheces minhas manhãs sonolentas ensolaradas. Estou renovada a te esperar. Diferente. E não há impedimento, serei consumida por isso e refeita. Elizabeth M.B. Mattos – outubro de 2019 – Torres com cheiro de terra molhada.

John M. Coetzee: “ De agora em diante, decidiu, sempre vai se colocar no caminho do acaso. Os livros estão cheios de encontros casuais que levam ao romance – ao romance ou à tragédia. Está pronto para o romance, pronto até para a tragédia, pronto para qualquer coisa, de fato, contando que seja consumido por isso e refeito. É por isso que está em Londres afinal: para se livrar do seu velho eu e se revelar em seu novo, verdadeiro, apaixonado eu; e agora não há impedimento à sua busca.” (p.123)  J.M. Coetzee  JUVENTUDE

O acaso pode ser o luxo que nem sempre acontece do jeito certo…

“O acaso não o brinda com nenhuma de suas bênçãos. Mas o acaso é imprevisível, é preciso dar tempo ao tempo. Tudo o que pode fazer é esperar em prontidão o dia em que o acaso por fim lhe sorrir.” (p.124)

passando o tempo

Sigo cortando e reduzindo. Sigo engolindo livros e palavras. Liquidificando. E assim mesmo, desarvorada ou perdida, insisto: vou de lá para cá, daqui para a ponte, atordoada. Apaixonada. Sim, apaixonada pela possibilidade da paixão, não real, mas a imaginada. Imaginação que devora, ou pontua, ou alucina, e depois, se esvazia… E se acomoda na mesma sala, no mesma cadeira. Penso as cores. Eu me imaginei com pincéis. Esparramo tinta, lambuzo a tela, e alucino nos azuis. Simone, não consigo. Não sei fazer. Olho. Vejo. Enxergo devagar o verde, depois o amarelo, e o roxo vejo as riscas pretas. Certeza da luz. Voz voa verdade venta, voracidade. Depois desanimo, Eu me apaixono.

Sua própria explicação para os fracassos no amor, […], é que tem que encontrar a mulher certa. A mulher certa enxergará, enxergará, através da superfície opaca que ele apresenta ao mundo, as profundezas interiores; a mulher certa desvendará as intensidades ocultas de paixão dentro dele.[…]” .

Milhões de vezes o êxtase / transe persigo autores amados, escondidos. Vivos, contemporâneos / eternos. J.M. Coetzee. Preciso respirar. Quando me demoro, e ou tensiono, eu me apaixono outra vez… E outra vez. Elizabeth M.B. Mattos em outubro ventoso.

J.M. COETZEE nasceu na Cidade do Cabo, na África do Sul, em 1940. É um dos principais escritores contemporâneos de língua inglesa, e já recebeu diversos prêmios por sua obra, entre eles o Nobel, em 2003 e – caso único – dois Booker Prize, 1983 por Vida e época de Michael K , e em 1999, por Desonra.

Não encontro adjetivo. O texto segue substantivo. Absoluto. E rasga e cola e esfarela. De repente eu penso na importância do lugar / do pertencimento, fazer parte para poder, afinal, dissecar e mostrar. Ele descreve, não a biografia, mas o tempo, a época. “ Ele acredita em amor apaixonado e em seu podes transfigurador. Sua experiência, porém, é que relações eróticas devoram o tempo, o exaurem, e aleijam seu trabalho.” […] (p.88) J.M. Coetzee, Juventude – afinal escrever exige, e aos vinte anos já temos muitas, muitas e certeza, o suficiente para encontrar… Talvez aos quinze, ou sempre. E tudo já foi escrito poetado e representado. Aonde um Eu se encaixa? Apaixonada, eu quero. A conversa que preciso ter contigo, ou o olhar no olho, e sentir o vento, e o cheiro, e o mar. Eu quero te sentir. Por que te escondes?

coetzee