“A minha imagem era bastante romântica, e não me envergonho de dizê – lo. Para mim os Estados Unidos eram Walt Whitman, o país do novo ritmo, da futura fraternidade entre os povos […] pensei, portanto, em Manhattan com um sentimento aberto, fraternalmente largo, em vez da costumeira arrogância do europeu. […]
A primeira impressão foi poderosa, embora New York anda não tivesse aquela inebriante beleza noturna que tem hoje. Ainda faltavam as caudalosas cascatas luminosas na Times Square e o maravilhoso céu estrelado, que à noite ilumina as estrelas de verdade do firmamento com bilhões de estrelas artificiais. O cenário da cidade, assim como o trânsito, não tinha a generosidade ousada de hoje, pois a nova arquitetura ainda experimentava com muita incerteza os edifícios altos; mesmo o apuro do gosto em vitrines e decorações apenas começava, timidamente. Mas olhar o Brookling Bridge – sempre vibrando em movimento – para o porto, e caminhar pelas avenidas, esses desfiladeiros de pedras, era descoberta e fascinação o bastante, que depois de dois ou três dias evidentemente deram lugar a outro sentimento, mais virulento: o sentimento da solidão máxima.”(p.174-175) Stefan Zuweig Autobiografia: o mundo de ontem
[…] talvez, um modesto talvez salta do sonho. Desejo abrir os olhos e estar lá! Ofuscada pelas luzes, ofuscada pelo sonho real, ofuscada. Estar em New York, descer na terra americana. O autor a descreve antes da Primeira Guerra, antes, antes. E já era meu sonho. As encarnações dos desejos. Elizabeth M.B. Mattos – novembro de 2019 – Torres