“Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.”(p.5) André Gorz Carta a D. – História de Amor
Ecléa Bosi escreve: “Tudo vem a confirmar suas opções políticas: há um poder externo que ameaça nossos destinos. André deixa o jornalismo, aprende a cozinhar para revigorar o organismo de Dorine, que alcança alívio graças a ‘magistrais fórmulas’ de homeopatia. Já tinham mais de oitenta anos quando ele escreve esta carta de amor […]”
“Não tínhamos pressa. Eu despi seu corpo com cautela. Descobri, miraculosa coincidência do real com o imaginário, a Vênus de Milo tornada carne. […] Mudo, contemplei longamente esse milagre de vigor e doçura. Comprendi com você que o prazer não é algo que se tome ou que se dê. Ele é um jeito de dar – se e de pedir ao outro a doação de si. Nós nos doamos inteiramente um ao outro.” (p.8)
Magia de amor: para sempre te amo… Para sobreviver aos desencontros eu me conto histórias picotadas. Desvios, porque para mim não foi para sempre. Vou a dobrar esquinas, a correr pelas calçadas, sacudindo a memória. Tropeço, caio e/mas eu me ergo. E abraço o novo amor… Elizabeth M.B. Mattos – maio de 2020 – Torres


