“Tratava-se de uma noite escura, quente e úmida de meados em julho de 1888, em Ardis, no condado de Ladore – não nos esqueçamos disso, não nos esqueçamos disso jamais, uma família de quatro pessoas em torno de uma mesa de jantar oval reluzente de flores e cristais.” (p.194)
Posso estar presente neste noite quente e úmida…, incrível forma de transportar/colocar/inserir a narrativa na vida pessoal/íntima de cada um, sem ser especificamente esta ou aquela Maria. A literatura acorda, desenha sentimentos. Vladimir Nabakov, como mestre, constrange a ingenuidade de observações gerais. Cirúrgico e profundo ele espicaça a realidade. Não sei como lidar/apontar o sentimento, ele desdobra opções, então transcrever, citar importa. A leitura me conduz a sentimentos intensos, obscuros tantas vezes, constrangedores, mas reais. EM.B. Mattos – outubro de 2020 – Torres Fujo da exposição evidente, depois descubro que a verdade transitória e amarga.

“É estranho, mas quando alguém encontra, após um longa separação, um amigo ou uma tia gorda de quem gostava quando criança, de imediato redescobre, intacto o calor humano da amizade, ao passo que, com uma ex-amante. isso nunca acontece – a parte humana de nossa afeição parece ser varrida juntamente com os detritos da paixão inumana, num processo implacável de demolição.“(p.195)