amor escancarado

Quando o amor é escancarado não preciso dizer nem fazer nada. Exibido ele se mostra mesmo quando não está presente…longe se derrama, tudo explode! Não se contem, nem se segura… Amar tem uma linha estranha de permanência, do sempre. Muito cedo amei Clarice Lispector, então, nenhum tributo, nenhuma palavra a ser dita. Durante a minha vida eu me deliciei com cada palavra, contra todos e contra tudo entrei no mar… E mergulhei sem medo das ondas. “Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta.” Coisas de Lispector.

Não temos amado acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que já não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de um vida larga e nós a tememos. […] Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo nossa morte para tornar nossa vida possível. […] Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos do que realmente importa. Falar do que realmente importa é considerado uma gafe.“(p.47-48) Clarice Lispector Uma aprendizagem ou Livro dos Prazeres – Editora Sabiá – Segunda Edição

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