o passado de hoje

Criar / recriar/ desenhar o passado, voltar no tempo, tem qquer coisa de terapêutico, e dolorido. Alguma coisa a consertar, ajustar. E nem sempre a resposta, ou a ordem prevalece, ainda o vazio. Depois eu me pergunto, existe mesmo este passado do jeito que revisitamos? Somos assim mesmo, desconfiados… qdo eu “volto” tenho a impressão que nunca captei a viagem/passagem, esta coisa de um dia depois do outro.

Acordava cedo para assistir a missa, um ritual meu. Não éramos obrigadas. Os anos de internato definiram a vida: um mundo organizado, bonito, ritualístico e seguro. Algumas internas choravam saudosas de casa, e nunca se ajustaram. Eu não senti saudade de casa. Ou (pensando bem) senti sempre e tão intensamente que esta saudade ativada desde sempre me deixou no passado, e não existia nenhum outro para voltar. Um passado que não vivi, nem conheci, mas desejei… Escrever sobre a rua Vitor Hugo. Colégios e calçadas, aventura continuada… Minha grande viagem pelo exterior foram estes 4 anos no Internato. Beth Mattos – maio de 2021 – Torres

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