Nós dois a brincar de amar e fazer amor sem pensar, e tudo tem o tal tempo/ medida. O nosso, espicaçado ardido: no pão esfarelado que jogamos/espalhamos pela grama enquanto comemos um sanduiche de atum, e bebemos suco de uva. E rimos. Entramos na garagem para buscar os livros encaixotados, as possibilidades perdidas dentro desta vontade azeda de ser outro, sendo tu, aceitas revirar aqui e ali. Não. Não queres mudar. Não, eu não quero mudar. Apenas desejamos brincar… e, rimos a nos devorar. Olhar e depois a rir no olhar.
“Depois lhe conto; tudo tem o tempo. Mas o mal de mim, doendo e vindo, é que eu tive de compensar, numa mão e noutra, amor com amor. Se pode? Vem horas, digo: se um aquele amor veio de Deus, como veio, então – o outro?… Todo tormento. Comigo as coisas não tem hoje e ant’ôntem amanhã: é sempre. Tormentos. Sei que tenho culpas em aberto. Mas quando foi que minha culpa começou? O senhor por hora mal me entende, se é que no fim me entenderá. Mas a vida não é entendível.” (p.188) João Guimarães Rosa Grande sertão: Veredas
Sei lá se vais entender, ou ler o que escrevo. Fica misturado com o explicado, o sonhado, e o a ser, como nos dizemos, viver – já vivido… Pego um avião e desapareço. Depois volto. Tomo um ônibus e vou, a caminhar…, e, o tempo, o tempo, engolimos, tu e eu. E digerimos devagar, devagar. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021 – Torres AMANHÃ teremos luz e sol. Te cuida.
Sentimento de pertencer/ de estar/ de compartilhar, de ser tua. A entrega, uma cicatriz. O corpo conversa… É a chuva forte, foi o sol se enfiado na chuva fina, foi a calçada molhada e cheia de vestígios, foi outro sono que desceu em mim. És tu enfiado na minha vida e eu dentro da tua. Vontade tenho de me derramar inteira, livre, aberta, pronta e sem pejo. Vontade boa. Eu pergunto e o corpo todo responde. Resmunga doendo, feliz. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021
“A coleção de cicatrizes, em particular as da cara, que vês todas as manhãs quando te olhas ao espelho para fazer a barba ou pentear o cabelo. Raramente pensas nelas, mas, quando pensas, compreendes que são marcos da vida, que as várias linhas dentadas que te recortam a pele da cara são letras do alfabeto secreto que conta a história de quem és, porque cada cicatriz é o vestígio de uma ferida sarada, e cada ferida foi causada por uma colisão inesperada com o mundo – ou seja, um acidente é por definição uma coisa que não tem que acontecer. Fatos contingentes por oposição a fatos necessários, e a consciência que tens, quando está manhã olhas o espelho, de que toda a vida é contingente, à exceção do único fato necessário de que, mais cedo ou mais tarde, chegará o fim.” (p.8-9) Paul Auster Diário de Inverno memórias
Estas memórias de amor narradas como episódios curtos e sincopados, genuínos e ousados pintam com tintas coloridas o traçado do homem que és, fiel a paixão do amor, e ao amor apaixonado delimita uma memória em transe de amor para a toda vida que hoje te aquece e compreende: és grato… São destes fragmentos e das voltas desfeitas de equívocos que segues fascinante, sedutor. As histórias merecem ser desenhadas. Beth Mattos / junho de 2021 (em lugar não edificável)
“[…] quantos ardores e conquistas, quantos delírios e incontroláveis erupções de desejo? Desde o primeiro momento da tua vida consciente, sempre foste um obsequioso escravo de Eros. As raparigas que amaste em rapaz, as mulheres que amaste em adulto, cada uma diferente das outras, gordas ou magras, baixas ou altas, dadas aos livros ou ao esporte, temperamentais, extrovertidas, brancas, negras ou asiáticas, nada que fosse superficial era importante para ti, detectavas, tudo estava na na luz interior que detectavas em cada uma, na centelha da singularidade, no fulgor da individualidade revelada, e era essa luz que aos teus olhos a fazia bela, mesmo quando outros eram cegos à beleza que tu vias, e então ardias de desejo de estar com ela, de estar perto dela, porque a beleza feminina é coisa a que nunca soubeste resistir. Tudo começou nos teus primeiros dias de escola, na turma do jardim de infância em que te apaixonaste pela menina do rabo de cavalo loiro e comprido, as vezes que Miss Sandquist te pôs de castigo por desapareceres com a menina por quem te tinhas apaixonado, os dois escondidos a um canto qualquer a fazer travessuras, mas os castigos nada significavam para ti, porque estavas apaixonado, e já então eras um pinga-amor, como agora és um pinga-amor.” (p.8) Paul Auster Diário de Inverno memórias / traduzido do inglês por Francisco Agarez Edições ASA – Portugal
Prazer prazer e prazer. Limpeza: um pouco de ordem na desordem da minha cabeça festiva. Risonha.
Arrancada / enlouquecida turbulência, excitação! Na assinatura da vida o estonteante fazer acontecer: dia entre panos e lençóis: imaginação desenhada, experiência deste vagar descompromissado da entrega.
Não nos escrevemos, meu querido. Atravessamos, desnorteados, atravessamos nus o papel, e as letras.
Enlouquecidos pela febre. Ensopamos lençóis amassados…, a nos revirar exaustos, insones. Não escuto, não vejo. E quando leio tuas cartas a cabeça se agita febril, eu… Pesadelo! O meu grito abafado pela tua mão: civilidade. Os vizinhos nos cercam. E o movimento surdo segue… Desavisados da possível insanidade. A febre precisa ceder, este outono cinzento choraminga dia e noite, precisa terminar. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021 – Torres
“neste momento acordo com a sensação de uma presença sensual. natural. olhar fixo nos olhos. cheiro suave e íntimo. silêncio. se despe inteiramente sem desviar os olhos. se aninha corpo a corpo com leve tremor, íntima. silêncio. calor. o único movimento são dos dedos sobre os pelos do ventre, como seda, deslizando com suavidade… vou ficar quieto“
Fecho os olhos e deixo a febre ferver / estás ao meu lado, e não quero acordar, nem quero lucidez. Quero o teu desejo colado no meu desejo: atravessamos… devagar / com vagar / sem pressa. Beth Mattos
Deu vontade de chorar. Estou com os braços pesados de abraços que não dei. Com um beijo preso. Olhar vago. Proibições estranhas e penosas de “nunca mais…, é o outro a levantar um muro, a dizer não. Então a vida fica sendo também a pressão, o outro pressionando/ apertando/ restringindo, sendo… Somos o que o outro exige e ou faz. Arremessamos a bola, bate na rede, volta. Faço o possível, e no impossível…, choro. Eu choro. Se todos pensassem como tu e como eu? Seria igual / ou o mesmo? Eu me sinto menina com lágrimas escorrendo por amor… Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021 – Torres
O que é mesmo que tenho vontade de mandar para o diabo? A EXPERIÊNCIA. A experiência pessoal amarrada. Impregnada de regras e restrições que vez que outra quer chegar ao sol. Ou se encharcar na chuva de verão. Tudo é muito igual, e o diferente parece mesmo este destino: envelhecer. Envelhecer acovarda, um pouco, só um pouco… O que me impede de seguir e lutar e querer e me expor é uma danada preguiça de ensinar, ou modelar. Até de pensar. Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021- Torres
[…] – “Não – respondeu Ulrich -, não o quero recuperar! Pois é espantoso, mas verdadeiro, que, com isso, objetivamente nada teria mudado no curso das coisas, na evolução da própria paciência. Posso ter estado uns dez anos à frente do meu tempo; mas um pouco mais lentamente, e por outros caminhos, também outras pessoas chegaram, sem mim, a um ponto ao qual eu, quando muito, as teria conduzido um pouco mais depressa, e é duvidoso que uma tal mudança na minha vida venha agora me bastar para me fazer tomar novamente a dianteira. Ais aí um pedaço do que se chama destino pessoal e que, em suma, é algo visivelmente impessoal. Aliás, prosseguiu ele, -, quanto mais velho fico, tanto mais frequentemente me acontece ter odiado uma coisa que mais tarde, por desvios, correrá na mesma direção do meu próprio caminho, de modo que de repente não posso mais negar – lhe o direito de existir; ou acontece que parecem defeitos em ideias ou acontecimentos pelos quais me exaltei. Ao longo do tempo parece ser indiferente se nos excitamos, e em que sentido aplicamos essa excitação. Tudo chega ao mesmo objetivo e serve a uma evolução insondável e infalível.” (p.513-514) Robert Musil O Homem sem Qualidades – Tradução Lya Luft e Carlos Abbenseth – editora Nova Fronteira – 1989
Café preto, não o elegante e majestoso chá. Torradas de pão preto, mel. Geleia de framboesa com ricota. Croissant com manteiga. Café com leite. Chocolate com leite, canela raspada. Pasmem! Café preto e bananas fritas com açúcar. Duas taças.
Escolho as toalhas florais ou arrojado colorido? Hortênsias, crisântemos, ou um ramo pequeno de violetas. Anêmonas. Preciso de ameixas pretas e damascos. E as pequenas jarras com água…Gosto nos festivos detalhes. Quando abri a porta para pegar o jornal o jasmim chegou até aos meus pés. Floração miúda. Perfumado. Estou no paraíso… Elizabeth M.B. Mattos – junho de 2021 – Torres com o céu carregado e bonito do outono
Fiquei esquisita com a tua última carta: és duro mesmo. Li e vou reler para te responder, adequadamente, ou, quem sabe, apenas dizer outra vez o que eu sinto. A carta extravagante, em impulsos de emoções – recreio te chegou/pareceu tão frívola! Apenas, e só/apenas fêmea, escreves! Sem ser gente. Isto é ruim. ( ou talvez não, como te disse, fiquei confusa). Talvez um bom estado de alerta. Depois ninguém quer ser coitadinho, mas estou coitadinha. É verdade. Quando eu te escrevo eu acordo. Se estou lendo, não estou, mas ontem dormi lendo o teu último espetáculo…. Alguma coisa conhecida; escreverei sobre…. Vou fazer depois. Tudo é depois. Ler teu livro, ontem, nova lição: transpor as desgraças correntes. Necessárias, culposas ou não. Trabalhar, sério. Escrever sério. Dar aulas sérias. Será que fui sempre fútil? Apenas mulher? Agora, velha carente? Repassar.
Escrever para o Paulo é ter com quem conversar… Palavras/pensamentos/ entrega. Assim eu me valorizo. USO? A cada carta recebida um ânimo novo. Mas se eu não merecer?! Será que estou me fazendo? Como dizes no poema? E, de repente, achei que tudo estava/está errado. Ou pura vaidade: queria que tu estivesses dentro de mim aplaudindo? Tu sabes como é, estaria “… as do uísque…”, que confias menos, estaria me mostrando. Sim, tudo está bem comigo. Por que não estaria? Tento estudar, fico aflita, pois a data se aproxima. Se a depressão vem vou dormir. Espero a chuva. Nem passo pelo poema corpo e alma. Esqueço tudo. Vejo as duas novelas, os dois jornais da noite. “Apenas queres mais”. Coisa mais simples e direta esta frase! Tu não queres mais? Assim gira a minha pandorga neste céu. Resolvi acordar te escrevendo. É a segunda tentativa, mas esta carta segue.
ENGRAÇADO, ESTRANHO, como uma sacudida não esperada renova, tu és mestre. Conhecias/conheces o meu exercício de sedução. Mas, alimentar a corte é bom, tu tens razão.
O que é a vida real? Escrever, escrever? E a tal definição de solidão não explicitada? A Gata do Borralho é isto? Querendo a fada madrinha. Sempre fugindo e querendo. Freud explica? Mas, as tantas celulites, babados, gorduras soltas, pés de galinha superarão o desejo? Perdoa, amigo. Sou cruela comigo, tu consegues ser mais duro ainda.
Agora vou comprar um peixe de aquário e olhar pra ele. A carta foi o meu CARNAVAL, irresponsável. Tu és uma das poucas pessoas sérias que lês e respondes e pensas, agora perdoa.
Quanto ao FARACO, a Ana leu o conto e viu tudo diferente do que eu vi. Sou mestra de ver e entender sozinha, autista. Sei lá se é bom ou ruim. Inventei a historia de descrever dentro do conto. E quanto a ZERO HORA eu não leio, não compro. Não tenho a grana nem para respirar, nem o tempo para brincar, pouco saio de casa. Tenho q fazer pelo curso alguma coisa. Um beijo. 12/10/2004 18:03:54
2.
Ufa! Recebi carta amiga. Obrigada. Entre conflitos e ansiedades: encontros. Soubeste que estive com ‘ nosso’ amigo FT: surpresa agradável, sincopada, não perda dos sentidos por deficiência de irrigação sanguínea no encéfalo como, também, diz Houaiss: depois esquisita. As pessoas estão centradas nos eixos próprios: bom. Depois, entrelaçam-se confusa, misteriosamente misturadas, atraídas. Perdidas? Delas mesmas ou dos outros. Não sei. A repensar.
Quando? Como quando estivemos juntos ela e eu? Fantasia possível Esquisito. Repito, estranho. Pode ser mesmo estranha pessoa, ou coisa, ou situação e lá fica a variada morfologia e sintaxe. Talvez… Bom reler Jacobsen, empilhar livros, ter ácaros (tem ou não tem acento?) O dicionário me atrapalha.. Deixar o vento entrar Não cumprir com o sombrio e adequado às estantes. Que calor!? Os verdes ainda não esconderam todas as portas-janelas da minha sala. Vontade de ir ao cinema, caminhar distraída a ver vitrinas, comprar o que não posso. Não posso. A ‘corrida’ segue com o curso do professor Alvísio Greco para consultor Técnico Legislativo da Assembleia Legislativa /RS. As provas serão em março: depois o magistério em abril. Se eu não conseguir fincar o pé num bom emprego volto para o magistério retalhado do Brasil. Salva estou por alguns alunos que encaminham convites de Formatura, cartas, bilhetes, saudades, conversas amenas de um tempo em que a ULBRA era o centro. Doutorado. Mestrado. Como? Tudo estacionado lá dentro de mim como um pulo errado. Precipício? Lembras quando eu quis me mudar / ir para Minas Gerais? E agora José? Que tudo acabou? Deveria ter confiado nos bons conselhos do meu poeta PHF. Estou esmolando entre concentrada e esquiva, errando mais, acertando menos. Mas, finalmente, consumindo…uau! Basta aos acertos monetários., a liberdade. O espelho não é bom amigo, se eu pudesse visitá-lo como Alice o fez, talvez. As maravilhas estão do outro lado, no vazio preto que espelha. Eu estou aqui assustada, penas assustada. Já pode ser um passo, o primeiro. A depressão esvaziou-se nos remédios e eu recomeço, liberta: viverei mais? Darei melhores exemplos? aceitarei aprova? Dos talentos devolverei dois, um, deixarei enterrado, mãos vazias. Qual a missão? Tantas coisas quero contar! Não posso estender- me … Mais estudo, menos aprendo. Abro as portas para uma longa entrevista sobre Iberê Camargo e a professora que se expõe não mede palavras. Contudo a tese das cartas, as que rastreiam a doença-câncer. já mencionadas por Tavares, cai solta na gravação. O que farão com isso? Retomo outras questões, respiro entrecortando as palavras que se soltam, e nem penso enquanto falo. O que será que a moça Elizabet disse aos meninos coletadores de histórias? E filmaram…
O outro é confiável, somos apenas vigiado? Amigo/ Amigos? Onde? E o meu amigo? O que sabia ele do Iberê que não passasse pela peneira do Décio Freitas? (cruel comigo, com todos, observo, sinto e sei) Nos recortes das conversas, sendo a última da série (depoimentos) pude cheirar declarações: verdade se não nos refestelamos no Ego, seremos esquecidos. Má. Veneno, ciúmes, malícia desdobrada. quem eu sou? O que vais dizer/pensar sobre o que te escrevo? Somos velhos crustáceos, não podemos deixar de ser ‘ pedras sem musgo’ como explicou Sérgio Bordini, amigo de infância da rua Vitor Hugo. Gaudéria sou. Salto de galho em galho. Tantas vezes perdida. Sem bando. Um amontoado de colagens vantajosas, destoantes. O que disseram? O que posso eu, ainda, dizer? Cachoeira do Sul, fazenda perto de Rio Pardo, para ver meu filho Pedro e minha nora, conhecer os pais, irmãs. Roteiro novo. Quatro dias remexendo na saudade do campo, na história passada, repassada: pronta já nas mãos dos advogados. Outra perda. Sair da caverna é arrastar pesados cadáveres numa jornada que não terminou… Lembro da história de Patrícia Highsmith, do filme O Sol por testemunha com Alain Delon – o desejo de ser o outro não nós mesmos, sempre o outro… Depois de separada tanto tempo, o divórcio a ser finalizado com a partilha. Vai -se um pedaço, chega um dedo, um fio de cabelo, um caroço: o terror. Segue a lembrança, perco pedaços de vida, de ontem, revejo o que restou, mesmo não tendo o espelho. Acho que isso explica: sobrevivência. Reli cartas, livros, replantei o pomar (pessegueiros, goiabeiras, laranjeiras, e limoeiros). Construí casas, muros, tramei arames: pedaços… Olhei os cheiros. Senti as cores: vi estrelas e lembranças. Que a tumba esteja bem fechada, margaridas. Os cadáveres não assustam, se deterioram, às vezes assombram… Outras narrativas brotam nos meus pacotes, não escrevo. Vontade eu tenho de contá -las: cheias das mentiras boas, necessárias, perfeitas: aquelas que se encaixam no veredicto viver.
Amigo querido, como eu me alonguei! Carta pequena,, mas contudo, todavia espichada em romance. Percebes que amadureço? Não acreditas. Uauuu! Como posso te convencer? Na próxima carta saltarão adolescências, lamúrias, saudade e o sensual da mulher, sem exageros. Prometo. Farás a média. Como eu te gosto! Um beijo. Escreve mais. Muito. Sempre. Qual palavra é a correta? (12 de janeiro de2001)
Il est deux heures du matin, Rinette. J’ ai débarqué cette après-midi de Toulouse après un voyage sans histoire. Quel temps adorable! Alicante est le point plus chaud de l’ Europe, le seuls où mourissente les dattes. Et moi aussi – presque – sous le ciel clair. Je me promène sans manteau, étonné de cette nuit des Milles et Une Nuits. des palmiers, des étoiles tièdes et d’ une mer si discrete qu’ on ne l’ entend pas, qu ‘ on ne la voit pas, qui évente à peine.
En sautant de l ‘ avion je me suis découvert très jeune. J ‘avais envie de m’ étendre dans l’ herbe et de bâiller de toutes mes forces ce qui est bien agréable et de m’ étirer ce qui l ‘est aussi. Mes rêves les plus indécis, ce soleil les favorisait les fasait éclore. J ‘avais mille raison d’ être heureux. Et les cochers de fiancres aussi. Les cireurs de souliers aussi qui les fignolaient, les caressaient et riaient quand c’est fini. Quel jour de l’ an plein de promesses. Quelle richesse de vivre aujourd ‘ hui.
J’ avais bien juré de ne plus écrire. Mais je viens de donner trois cigarettes à un mendiant parce qu’ il avait l’ air si heureux que j’ ai voulu faire durer ce visage. Je me sens plein de bonté et d’ indulgence. Alors je vous pardonne. Et puis… j’ ai téléphoné l ‘autre soir a Bertrand avec une telle hypocrisie que je ne voulais pas me l’ avouer. Et vous m’ avez apprivoisé et je suis devenu très humble. Au fond c’ este doux de se laisser apprivoise. Mais vous me coûterez d’ autres jours tristes et j’ ai bien tort.
Rinette ce n’ est pas méchant ce que je dis mais ces choses ont pour moi plus d’ importance que pour vous. Il n’ est pas juste que je paie d’ un peu de mal une simple flemme. C’est même gentil. Mais vous ne savez pas comprendre.
Bah. Pour le moment j’écoute un piano mécanique… C’est magnifique. Et toutes les espagnoles sont des héroÏnes d’ opéra. Il me semble. A cause du piano mécanique. Une d’elles pleure dans un coin, je voudrais bien savoir pourquoi car c’ est la seule d’ Aicante. Cinq ou six grosses poules la consolent en criant toute à la fois. Ça fait un chahut! Mais elle ne peux pas comprendre qu’elle est heureuse. Elle tient a son joli chagrin.
Rinette adieu. Je troverai peut-être vos lettres en rentrant. Je vais me promener encore dans l’ intimité des Espagnoles. Par ce temps si doux tout le monde possède un secret mais c’ est le même. Car on se regarde et l’on sourit. Et pour sourire il n’est pas nécessaire de savoir trois mots en espagnol, alors je parle…
J’ai mon papier à lettres sous le bras, si j’ai envie de vous écrire encore ce soir.
Et si je n’ écrit pas…
Antoine”
(p.119-120-121- 122) Antoine de Saint-Exupèry Lettres de Jeunesse (1923-1931) Gallimard 7 édition